Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 160

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 O homem do cão Luís Amorim Oeiras, Portugal Em rapidez de ocasião numa manhã solarenga, lá seguia o veículo rumo à propriedade espaçosa e acolhedora em perspectiva futura onde a casa-museu ia sendo preparada desde meses que havia por dedicação a causa de índole cultural. Obviamente que a velocidade empregue nas mudanças que acompanhavam até destino final eram vistas como responsáveis, havendo que contar com as demais pessoas igualmente circulando. Transportavam-se objectos diversos para a casa em questão, alguns de fragilidade evidente, outros mais robustos ou volumosos e, enquanto se avançava pela estrada fora, relembrava-se o muito que teria de ser feito nesse dia, como arrumação aqui e ali, separação de itens por secções ou temas. Talvez horas não fossem suficientes mas, pensando melhor, o que não ficasse concluído nesse dia, oportunidade nova receberia em momento outro ainda que fosse importante o não adiar de tarefas. Chegando-se na proximidade de museu para gerações vindouras, rapidamente se constatou inexistência de lugar em parqueamento, recorrendo-se à sempre nada agradável fila segunda para mudar tudo o que se levava por casa adentro, ficando esta bem mais alegre com novas peças, culturais obras e enriquecedores documentos. Findo esse trabalho moroso, completado em dezenas de vezes por trajecto de proximidade visivelmente diminuta, houve que ir procurar estacionamento para o resto do dia, um pouco mais acima onde se vislumbrou lugar único, o que nem foi motivo para admiração, uma vez que apesar de ser dia de semana, era já bem conhecido tratar-se de bairro onde aparentemente moradores não trabalhavam ou faziam-no com periodicidade esporádica. Houve o desligar do veículo no preciso instante em que um homem passeando seu cão, se virou para ficar defronte automóvel no imediato dele chegando e estacionando. Parecia que no talvez da situação quereria ele conferir quem iria sair e para onde tomaria sua direcção, o que nem espanto causou, pelo simples habituar de quarteirão feito 157