LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019
Gotas d’sentimento
Venâncio Amaral
Sorocaba/SP
Uma janela entreaberta, a princípio o vento invade assobiando uma bela canção,
no entanto, o tempo se mostra anuviado, sugerindo uma previsão. De repente
um grande barulho, a janela quase estilhaça os vidros batendo em confirmação!
Chega a chuva anunciada, fecha-se portas e janelas, no cúbico isolamento
admirando por meio da transparência, aprisionado, mas com o pensamento
longe, viajando ao horizonte, me encontro a olhar para o céu completamente
tempestuoso. Em um rápido piscar dos olhos, sendo deslocado... Dessa vez,
vívido em meio a chuva, tendo os pingos a tocarem o corpo, evidenciando a
sensação de liberdade.
O corpo quente, contrapõem a água gélida, que aos poucos rompem as barreiras
do ser, indicando um caminho, permaneço imóvel, ainda livre, no entanto,
sozinho.
A chuva não dá trégua, intensificando a tempestade, pingos mais fortes batem no
corpo, como se estivessem batendo em uma porta... Começo a caminhar, simples
dez passos, porém, ainda insistem em bater.
Novamente imóvel, percebo que não são apenas os pingos que estão batendo no
corpo, junto a esses batem um coração, em um dialogo intenso, no qual
permaneço coadjuvante. Até ser vencido pela insistência, dessa forma, a água
que rompeu barreiras e indicou um caminho, agora destranca a porta.
Deixando o coração em evidência, causando a fuga dos sentimentos, antes
guardados, simplesmente vão escorrendo e alguns são drenados pelo corpo! No
entanto, o que mais se nota é a enxurrada de solidão, levada junto a (m)águas
passadas e após a grande vazão... Lembranças vem à tona! Deixando claro o
motivo do tormento.
Não por conta das restrições à liberdade, porém, devido as inúmeras opressões
aos sentimentos! Por que somente os sentimentos nos permitirão a completa
felicidade... Deixando claro que amar, é estar preso em liberdade!
104