LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
tomando a estrada do palácio. Quando tudo lhe foi contado, eu lhe concedi as
seguintes belas palavras: “Mano, você compreende distintamente que eu, pelo
fato de ter entrado no seminário secretamente para seguir uma vida eclesiástica,
jamais hei de me casar; vá você, então, conversar com o rei, mostre-lhe as sete
cabeças e ele julgará que sou eu (pois somos idênticos) e dar-lhe-á a mão da sua
filha; após a cerimônia, diga ao rei que faça de mim o Padre Representante do
País”. Assim tudo se fez, e eu me tornei o maior eclesiástico de França, e sempre
com uma tão grandiosa virtude batalhei pelo Bem da pátria que mereci depois da
minha morte poder vagar pelo cemitério *** durante a noite. Apenas deito em
meu túmulo quando o galo canta.
Após a minha morte, Vladimir lançou um livro medíocre em tributo a mim
(que fora encomendado pelo Imperador da República Imperialista do Brasil,
Pedro MCM) – A História de Minas Gerais – sob o pseudônimo de Bernardo
Guimarães, e tal livro (mesmo medíocre!) obteve um suntuoso sucesso pela sua
tão má qualidade.
Sou padre Barcelos, o eterno fantasma que vence vampiros, O ETERNO
FANTASMA QUE VENCE... – Antes, porém, de pronunciar “vampiros”, ele
desmaiou. O morcego conseguira lhe vencer.
O vencedor escreveu, pois, sobre a lápide onde padre Barcelos dormia
durante o dia a seguinte poesia,atribuindo-a falsamente ao notável Alphonsus de
Guimaraens (1870—1921):
I. Orações, juramentos e declarações
É o que eu NÃO faço para ti, meu desamor,
Pra JAMAIS demonstrar-te minhas caridosas compaixões
E SEMPRE aproximar-te de toda angústia e dor,
Pois és tu uma verdadeira Moby Dick sem manejo!
– E por isso hei de detonar-te com o amparo dum ferro malfazejo!
II. Como és maldita, ó Moby Dick!
Cruel, rude, feroz e ingrata!
Fazes-me deslembrar que olhos em minhas “asas” tenho;
Furta-os com a fúria da cascata!
Marte encontra-se em ti, baleia branca,
Malevolente sejas pelo Ideal perdido!, pelo mal que me fizeste com o mais
vasto prazer!,
pelo amor que perecera sem haver sequer nascido!, ó malfeitora, fútil,
demoníaca e cretina, animal ferrenho!
Eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio!
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