Revista LiteraLivre 15ª edição | Page 16

LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019 modificada ainda, chamar-se-á Humanidade – qual proferiu Victor Hugo) e jogou a rede, o mesmo peixe voltou a aparecer, mas desta vez ele disse: “Mata-me, por favor, e divida-me em seis postas fritas; duas serão dadas à sua esposa, outras duas à sua cadela e as outras duas terão que ser enterradas próximas à bananeira do seu jardim”. O homem, então, obedeceu ao que disse o peixe, e em sete dias a sua esposa achou-se grávida. Ao fim de nove meses, a mulher deu à luz dois meninos, que eram gêmeos – um deles era eu; e no mesmo tempo a cadela deu à luz os mais belos cavalos do Mundo, e próximo à bananeira do jardim nasceram duas lanças – uma significação de que os dois gêmeos seriam soldados. Quando os dois meninos chegaram à idade na qual haviam de servir o rei, o pai os chamou para dizer-lhes: “Ide-vos servir a nossa pátria tão amada e idolatrada e tornem-se os maiores guerreiros de todos os tempos; vós possuístes os mais belos cavalos e as duas lanças invencíveis”. Partiram os irmãos gêmeos ao palácio para servir e o rei, e o mais velho – que era eu – disse certa vez ao caçula, Vladimir: “É necessário separarmo-nos, e, ao fim de um ano, encontrar-nos-emos para um contar suas proezas ao outro. Tome este pé de melancia; quando ele se encontrar emurchecido vá à procura de mim, porquanto isso significará que eu estou em apuros”. Dito isto, nós nos separamos por um ano; eu fui ser ajudante do rei e Vladimir Perdomo viajante em terras do interesse do rei. Depois de um tempo, houve um entreouvido no palácio que um grande terror atingira o reino devido a um monstruoso dragão de sete cabeças que atacava a cidade durante a madrugada e que já teria assassinado mais da metade da população, e até se cria temerosamente que ele repentinamente atacasse o palácio. Até então não aparecera ninguém interessado em atrever-se a lutar com o dragão, apesar de o rei ter anunciado que quem lhe apresentasse as sete cabeças do monstro desposaria a princesa Fedra, sua filha. Então, arrisquei-me e disse que se os deuses do Olimpo quisessem, ajudarme-iam a assassinar o monstro. Preparei-me, dirigi-me ao local e confiei na divina providência a aguardar o monstro a sair da mata na qual morava à madrugada e então vi a mais horrenda criatura de todos os tempos (que depois descobri ser o chefe de todos os vampiros malignos). Após uma grande e bela luta, espetei-lhe a lança no peito e imediatamente o dragão deu o seu último suspiro. Cortei as suas sete cabeças, então. Essa tão boa ocorrência foi logo anunciada no reino, e não demorou muito para o rei ordenar-me que dirigisse à sua presença, pois ele queria nomear-me o “General das Armas” e dar-me a mão de sua filha. Meu irmão Vladimir, que vira que o pé de melancia que lhe havia encontrava- se murcho, dirigiu-se ao reino o mais rápido possível, e deparou-se comigo 13