LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
Alguns minutos depois, padre Barcelos ouviu uma grossa voz que vinha do
céu: – Ei-la aqui, padre Barcelos! Eu a peguei para abrir um misterioso baú que
encontraram nos Lares Celestes do Conde Alucárd!
– Por qual móvel tu não me questionaste se podia pegá-la? – perguntou o
fantasma, encolerizado com o morcego. – Possua mais cuidado com as
propriedades alheias!
– Não te questionei, padre, pelo móbil de nós, morcegos-vampiros, sermos
descorteses – respondeu o morcego, demonstrando a maior falta de educação
em sua face sarcástica. – E nós não somos morcegos, somos vampiros!, concluiu,
transformando-se em vampiro.
– Eu não era para ter deixado a droga dessa chave em cima do túmulo, era
para guardá-la no bolso de minha casaca! Não sou um idiota, não, sou o idiota! –
resmungou padre Barcelos consigo mesmo, dando tapas em sua face.
– A meu ver, idiota é negócio com o Sr. Fiódor Mikhailovitch Dostoiévskii!
Faça esta chave ser perduravelmente do Conde Alucárd ou hei de transformar-te
num vampiro maléfico.
– Jamais farei a chave ser uma propriedade do malévolo Conde Alucárd e
jamais hei de lhe deixar transformar a mim num maléfico vampiro, porquanto eu
sou padre Barcelos, entendeu? O eterno fantasma que vence vampiros. Não se
recordas de mim?
– Não – respondeu o morcego, cinicamente.
– Narrar-te-ei, pois, uma das minhas maiores façanhas, e aí verás como sou
um ilustre fantasma do cemitério ***.
Sou padre Barcelos, o eterno fantasma que vence vampiros, O ETERNO
FANTASMA QUE VENCE VAMPIROS!...
Na década de 1830, havia lá em Estrasburgo um pescador chamado Samuel
da Silva Perdomo que era casado, todavia não tinha filhos – e tal fato dava-lhe
desprazeres em abundância.
Certo dia, ele foi pescar no Rio Reno com o fim de deslembrar dos seus
problemas, e sucedeu que veio na rede um só peixe. Quando o pescador foi tocá-
lo, para a sua grande surpresa, o peixe lhe falou: “Não me mata, por favor! Não
me mata!”. O bom homem resolveu colocá-lo novamente na água, e naquele dia
não conseguiu pescar mais nenhum outro. No dia seguinte, ocorreu-lhe o mesmo
quando foi pescar. Passaram-se três dias, e quando o pescador foi pescar na
fictícia Lagoa dos Estados Unidos da Europa (lagoa que apenas há de vir a existir
no dia em que se formar uma nação extraordinária. Tal nação há de ser
grandiosa, algo que não impedi-la-á de ser independente; ela igualmente será
ilustre, rica, pensadora, pacífica e cordial para o resto da humanidade [...]. Esta
nação terá Paris como capital e deixará de se chamar França para se chamar
Europa. No século XX chamarse-á Europa e, nos séculos seguintes, mais
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