LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
Nada detém a fera
J L Silva
Florianópolis/SC
nada detém a fera
nem o grito estrondoso
nem o soco vigoroso
nem a tocaia da espera
nem
nem
nem
nem o
o
a
a
latejar da veia
rosnar dos cães
litania das mães
nossa cara feia
nem
nem
nem
nem a luta cotidiana
os muros que erguemos
toda a força que temos
o fio da durindana
nada detém a fera
nem mesmo o asco do povo
nem mesmo a Verdade e o Novo
nem mesmo o fogo e a Quimera
nada detém a fera
nada detém a trapaça
do golpe no sonho da massa
desfechado era após era
nada desata a mordaça
da estória e seu patrão
oprimindo os que não tem pão
com a verborragia e a farsa
nada detém a fera
e a sua malta vadia
apagando a luz do dia
enquanto a manada espera
nada,
nada como esta lei do cão
que anda de traição em traição
neste mambembe país
onde tudo está por um triz
128