Revista LiteraLivre 15ª edição | Page 127

LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019 Meros Jardins Charles Burck Rio de Janeiro/RJ Vêm pela beirinha do caminho como quem não está perdido Professe que segue certo, mas apague os passos para que ninguém te siga Depois vire a esquina, onde há um mar, logo ao longo da curva, descendo o altiplano verás Como olhos de cacheira a derramar nossos prantos A moça morena de cabelos derramados de uma ponta a outra da praia Que alguns dizem, prostituta, mas é uma mágica sereia perdida no desejo dos homens Que alguns dizem rosa banal, num mero jardim Mas o primeiro que tocar a verdade há de morrer pelas mãos dos outros Rime o primeiro com o segundo e diga que há só um mundo para viver, Mas os olhos de jabuticabas apodrecem sem serem colhidos, A parte roxa da iris gerou um filho de miolo mole O sabiá comeu primeiro, em segundo plano o bem ti vi bicou, e a mentira que se espalhou pelo mundo Um sapo de olhos de ouro come as palavras soletradas, uma a uma, O ventre cheio de vocábulos misturados arrotou poemas, A santidade que deveria ser prospera no sagrado, se curvou à escuridão, Ao nasceram depois as estrelas, mas os sapos as comeram, todas 124