Revista LiteraLivre 15ª edição | Page 105

LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019 Folie Deux Gerson Machado de Avillez Rio de Janeiro/RJ Ao adentrar naquela estreita rua a passos largos de modo temerário fitou duas crianças que inicialmente pareciam brincar inocentemente com brinquedos, objetos sem qualquer vida. Todavia ao aproximar-se se observou que as duas crianças estavam maculadas de um sangue que não era seu, mas de uma mulher que estirada sem vida ao ter sido degolada tinha suas mãos e línguas a serem arremessados de uma criança a outra. Ao observar aquilo rapidamente a pessoa que adentrou a rua ficou ruborizada, seus pelos do corpo arrepiados e a circulação dos lábios estancando numa palidez quase tão cadavérica quanto da vítima estirada ao chão como um boneco de trapos. A única coisa que a testemunha pensou fora correr em direção as crianças e com um chute nelas afastá-la do corpo. Aqueles pequenos seres agiam como demônios destituídos de consciência dada a grande atrocidade comedida, mas os golpes da pessoa deram lugar ao vociferar das crianças em pedidos de socorro como se fossem vítimas por apenas brincarem inocentemente com um objeto que nunca teve vida ou necessidade algum. Rapidamente dois homens vieram correndo agarraram a pessoa aos gritos de "segure essa louca" e tão logo a polícia veio, mas pelo incrível que aparenta nada fez à cerca do incidente que deu razão a seu ataque. Os policiais pararam e fitaram diretamente os olhos da pessoa e disseram. — A senhorita está louca, não sei o que está pensando em atacar essas crianças. Ao tentar argumentar o que vira tiveram um aceno negativo com o rosto do oficial da lei que a algemou e tratou de chamar uma ambulância por acreditar se tratar de um ataque psicótico violento. A pessoa agora amarrada sem chance de defender-se viu as crianças rindo da passiva situação o qual se encontrava ao estar com todos movimentos detidos dentro daquela camisa de força sem qualquer chance de defesa. O motorista lançou-a um sorriso malicioso e lhe disse. — Uma mulher tão bonita como você, com esses belos cabelos loiros e esse corpo tão torneado, é um desperdício. A pessoa se debateu e tentou vociferar que não era quem ele dizia, mas a contragosto teve sua boca amordaçada para que nada dissesse em sua defesa, assim como muito menos o que ela julgava ser. 102