LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
As cicatrizes do sertão
Adriane Neves
Florianópolis/SC
Quando eu olho pra você E sentir cada pedaço do meu corpo
Eu vejo o sertão Na palma das suas mãos
Onde a chuva não alcança a terra E ser tão
Onde o solo é rachado como os pés Bonita assim
E a lâmina da inchada? Sem essas luzes todas
Que nem faz ideia de como a terra Sem este alvoroço das buzinas
fértil?
Sem essas dificuldades
Da dor de cabeça caminhar no sol
Para manter-se importante
Da dor de cabeça ver só fruta peca
Sem essa importância toda
Vaca magra
No que não te quer
O vento nem chega
Quando eu olho pra você
As praças são desertas
Te sinto ser tão
Quando eu olho pra você
Te sinto
Eu vejo cactus
Sertão humanizador
Eu vejo melhor as cores
Meu céu sulista relampeja
Eu quero me queimar neste sol
E mostra as mesmas cicatrizes
Do seu sertão
Do seco interior
Ouvir minha poesia sair da tua boca
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