Revista LiteraLivre 15ª edição | Page 108

LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019 — Espancou um senhor alegando que estava estuprando sua namorada, mas a mulher nem conhecia Amélia. — O homem suspirou fundo e então prosseguiu dizendo — Nós vamos lhe dar esse medicamento para dormir um pouco e desanuviar sua mente desses delírios e paranoias. Novamente tudo se apagou ao ser obrigada a tomar aquele remédio mergulhando nas brumas de um sono forçado até que sabe-se lá quanto tempo depois o breu fora dissipado pelo balançar de seus braços. Ao abrir lentamente as vistas embaçadas pelo torpor do pesado sono a pessoa fintou um homem que parecia vociferar diante dela após lhe tirar as amarras e ouvir um alarme ao fundo. Lentamente sentando-se na cama tentava ainda se focar no que dizia o homem quando percebeu. — Sou eu, William! Aparentemente uma pane abriu as celas, temos que aproveitar agora para fugir! Os dois saíram pelos corredores enquanto outras pessoas caminhavam a deriva como mortos-vivos balbuciando palavras sem nexo em meio a babas e tropeços. Adalberto ou fosse quem fosse parou diante do espelho viu sua face masculina com barba. Perplexo ficou ainda duvidoso se o que via era ele mesmo ou não quando uns dois enfermeiros foram vistos trancados do lado de fora de uma grade de onde vociferavam ameaças caso os mesmos não voltassem as suas celas, até que o médico que lhe atendeu gritou. — Não dê ouvidos a Amélia! O que você está vendo no espelho é apenas uma imagem residual provocada pelo efeito da droga que lhe deixou sugestionável, Amélia. William o puxou pelo braço vendo o estado de confusão o qual se encontrava, mas aos pedidos dele focou-se em fugir daquela masmorra moderna. Ao obterem êxito correram por um bosque até que os sons do alarme da sirene deram lugar ao silêncio pontuado pelo som de grilos da noite. Correram até que seus corpos suados deixaram suas vestes embebidas quando pararam diante de uma longa cerca o qual uma placa avisava: "Instalação Militar: Quem Ultrapassar Corre Risco de Vida". — Chegamos, é aqui! — Sussurrou William ou Amélia, fosse quem fosse. — Aparentemente o vazamento vai até o riacho que alimenta o lençol freático e toda rede de abastecimento. Os dois caminharam lentamente até chegarem a um ponto onde viram uma mulher parada que para surpresa de seu acompanhante parecia ter sido identificado como sua namorada, Maria Sofia. — Vocês conseguiram escapar! — Murmurou ela feliz ao vê-los. — Relatei tudo as autoridades do exterior os fatos não podem ser negados. 105