LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
Cessar-fogo
Conceição Maciel
Capanema/PA
No escuro da noite deitou no chão frio
O corpo trêmulo e desprotegido deitado no cárcere que há pouco era seu lar
Na cegueira do medo suava nervoso molhando sua roupa.
Por entre os pobres móveis, sombras se esgueiram
Assombrando surda e anonimamente
Imitando filmes em que heróis e bandidos
Confrontam-se na luta diária entre o bem e o mal.
Ouve gritos abafados por entre as tábuas envelhecidas
Lá fora há corre-corre e o transpirar de odores
Murmúrios disfarçados chegam aos seus ouvidos
E os cães latem insistentes incomodando os “donos” da noite.
Seu corpo rígido de pavor, pinga suor e os sons horripilantes das balas
Ecoam em seus ouvidos abalados pelo medo
Não há mais sonhos a serem sonhados,
Por que se os olhos fecharem, talvez não se abram jamais.
Os sentimentos se isolam e já não há mais comunhão
Há apenas sonhos destruídos e esperanças em pedaços.
Até as lágrimas cessaram, mas os soluços teimam em vir
Como um protesto tardio e nulo na escuridão de dias ensolarados
Em que o Sol, indiferente se apresenta ignorando a guerra entre os seres.
E o cessar-fogo... Que nunca cessa.
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