Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 127

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 O Tipo Luís Amorim Oeiras, Portugal Encontrava-se o tipo ainda com uma grande distância, pensámos nós sem demasiada preocupação quando afinal e, com erro crasso para espanto nosso, apresentou-se ele próprio bem mais cedo. Aliás, prontamente no dito imediato «Agora» que vigorava no então, o que não deu tempo a procurarmos assentos outros com a necessária antecipação. Mas também era dever nosso ficar ali mesmo por causa dele, o qual de facto, chegou e sentou-se sem pedir licença na vizinha mesa, sendo desde logo chamado a cada frase dita para que, na suposição nossa, se pronunciasse nome seu. Por vezes, até com bis na mesma frase o que nos levou a considerar que estaria ele cada vez mais na moda, daí ter chegado no anotado cedo temporal a mais, do que o antes feito em previsão. A realidade abanava tudo ali mesmo ao lado e era ver como alegremente o tipo no constantemente solicitado adornava cada proferida frase. Também o nível de conversa das novas companheiras do tipo não era do mais elaborado que se possa supor. Talvez o tipo ali estivesse para as formar ou algo similar, mas puro engano nosso, depressa percebemos. Ele estaria ali, simplesmente à nossa perspectiva, para formatado ser ele próprio, sem dó nem piedade por elas, perfeitamente no controlo sobre o tipo já sem tempo para respirar pois tinha de entrar ao mesmo tempo em múltiplas frases vindas das mais diversas e cruzadas direcções. Mas o pior ainda não tinha comparecido na descrita ocasião e, dessa vez, tivemos exacta noção disso mesmo antes do devido tempo. Foi quando outras companheiras chegaram e tomaram seus lugares à mesma mesa com subtraídas cadeiras à nossa e às restantes que supostamente por ali se sentavam bem descansadas. Com tanta rapariga a falar num simultâneo difícil para acompanhar na escrita nossa, o descanso já era e, passe com discrição, a 121