LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018
Eu sei de tudo!
Helder D’Araújo
O toque do WhatsApp soou. O homem olhou na tela a mensagem: “Estou
sabendo de tudo e vou mandar um ‘zap’ para sua esposa”. O homem levou um
susto. Olhou o número. Olhou a foto. Estava sem foto. O número não fazia parte
de seus contatos. O coração quase saindo pela boca. Ficou na dúvida cruel.
“Respondo ou não?”. Eis a questão! “Vou responder”, decidiu.
– Quem é? – Sondou, o homem.
– Ninguém. – Respondeu o incógnito.
– Ninguém não envia mensagem pra ninguém. – Devolveu, apreensivo.
– Não interessa! Só sei que sua esposa vai saber de tudo. – Devolveu,
seco.
– Isso só pode ser brincadeira! – Protestou.
– Quem não deve não teme. – Sentenciou o estranho.
– Pois é! Eu não devo! – Respondeu.
– Então não vai dar em nada se eu contar, né? – Argumentou.
– Espera... – Digitou nervoso.
– Como você sabe dela? – Cedeu.
– Ah! Quer dizer que confessa que tem outra? – Pressionou.
– É... Não! Não! – Titubeou.
Mandou o Print: “Como sabe dela?” às 12:00.
– De onde você é? – Sondou novamente.
– De lugar nenhum. – Continuava o tormento.
– De lugar nenhum, ninguém, não manda mensagens. – Prosseguia.
– Você confessou. Isso é o que importa. Vou contar tudo. – Ameaçava.
– Vai para o diabo! Eu nem te conheço. E não confessei nada. Você não
tem provas. – Vociferou.
– Primeiro confessou da outra e agora está se defendendo. – Pontuou.
68