Revista LiteraLivre 11ª Edição | Page 183

LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018 www.americanexpress.com.br/servicosonline”. Isso lá é mensagem que se envie a alguém em pleno sábado à noite? Resolvi continuar fuçando o Facebook. Reencontrei amigos que não via há tempos. Respondi a alguns posts. Um da Luana: “Minha mãe, meu exemplo, minha vida.”. A mãe dela completou 65 anos. Comentei: “Parabéns pra mama, amiga. Saudades de você!”. O da Flávia: “O que é o amor? Amor é quando seus amigos ainda te amam, mesmo que você esteja sem um dentinho na frente - Paula (6 anos)”. Nossa! A filhinha da Flávia completou seis anos! Postei: “Ela está uma graça, Flávia. Faz tempo que a gente não se vê, né?”. Este do Pedro: “Neve é mesmo branca e fria. Um abraço à galera aí no Brasil”. Esse é um cosmopolita: vive a viajar. “Traz neve pra mim! Quanto tempo, hein?”. Entediada, desliguei o tablet. Resolvi garimpar um filme. Coincidentemente, era a estreia de Wolverine, Imortal. Fiquei radiante, pois teria um homem lindo com quem dividir o sofá durante a noite. O vinho ainda flertava comigo. Ingeri de uma vez quase meia garrafa: “Chardonay, você me proporcionou muito prazer, levou-me às estrelas, mas acabou”. No mesmo clima disse ao risoto: “foi bom enquanto durou, mas de nossa relação restaram apenas migalhas. Chega!”. Enquanto lavava a louça, compartilhei algumas angústias com o detergente e a esponja. Ambos foram unânimes em me dizer que o que eu precisava mesmo era ver o Hugh Jackman. Ouvi os conselhos, pois aquele jeitão dele de cafajeste, de macho alfa me excita. Terminei a louça minutos antes do início do filme. Corri ao banheiro para um xixi, rápido como quem rouba. Uma olhadela no espelho foi suficiente para ver que tinha olheiras. Retoquei a maquiagem para meu encontro com o Hugh. Eu naqueles braços, ai, ai... Catei o edredom, o travesseiro e joguei-me no sofá. Logo na primeira cena, o Hugh me apareceu barbudo e de cabelos desalinhados. Na neve e sozinho. Que charme! Abracei-me ao travesseiro. Tão bom! Imaginei-o aqui sob o edredom comigo. Meu desejo aumentando, me deixando úmida... Foi inevitável! Acordei faz dez minutos, ouvindo o Alceu Valença: “A solidão é fera, a solidão devora, é amiga das horas prima irmã do tempo, e faz nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no meu coração...”. Meu vizinho é muito sem noção! Insensível e desrespeitoso também. Cedo assim e o som nas alturas. Vou enviar um e-mail para a síndica e reclamar, não se pode nem dormir até mais tarde no domingo! É um absurdo! 177