LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018
Sentimentos Expressos
Waldir Capucci
Jacareí/SP
Todos os cuidados foram tomados para o encontro festivo em comemoração
ao Dia dos Avós. Receio mesmo, somente com a temperatura de inverno, pois o
evento seria realizado a céu aberto de um parque municipal. A força da corrente
do bem prevaleceu e o sol marcou presença aquecendo não só o espaço verde,
como,
também,
esquentando
o
corpo
dos
participantes.
Os
voluntários
receberam as dezenas de moradores de asilos e muitos puderam, pela primeira
vez, desfrutar da pujante natureza à disposição no imenso e aprazível local.
Cada assistido recebeu provas de amor imensuráveis dos acolhedores.
Sobraram carinhos, abraços, beijos e atitudes cordiais como contar e ouvir suas
histórias, amparo no lento caminhar e empurrar as cadeiras de rodas. Assim,
todos puderam participar com entusiasmo das brincadeiras e da salutar
caminhada ao som de uma serenata com músicas da época da mocidade dos
convidados. Para culminar, um prazer rebuscado no passado, piquenique com
fartura de alimentos e frutas.
Dezenas de registros fotográficos documentaram o evento, porém, nenhum
captou uma linda imagem que gravei no meu consciente. Sem tempo hábil de
registra-la no momento do ocorrido, eu a transformo em palavras. Envolve dois
personagens marcantes e contrastantes da festa; Cida, uma idosa, e João, um
garoto.
Ela, uma negra, saúde combalida, deficiente visual e com falta parcial dos
dentes. Sua situação era ainda pior; estava atrelada em definitivo a uma cadeira
de rodas. O menino, doze anos de idade, branco, em pleno gozo de saúde, sem
qualquer deficiência e total mobilidade. Ele é quem conduzia a cadeira da idosa
pelo interior do parque.
Conversavam animadamente e gargalhavam vez ou
outra demonstrando uma afinidade que parecia vir de longa data, ou que até
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