Revista LiteraLivre 11ª Edição | Page 153

LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018 Sentimentos Expressos Waldir Capucci Jacareí/SP Todos os cuidados foram tomados para o encontro festivo em comemoração ao Dia dos Avós. Receio mesmo, somente com a temperatura de inverno, pois o evento seria realizado a céu aberto de um parque municipal. A força da corrente do bem prevaleceu e o sol marcou presença aquecendo não só o espaço verde, como, também, esquentando o corpo dos participantes. Os voluntários receberam as dezenas de moradores de asilos e muitos puderam, pela primeira vez, desfrutar da pujante natureza à disposição no imenso e aprazível local. Cada assistido recebeu provas de amor imensuráveis dos acolhedores. Sobraram carinhos, abraços, beijos e atitudes cordiais como contar e ouvir suas histórias, amparo no lento caminhar e empurrar as cadeiras de rodas. Assim, todos puderam participar com entusiasmo das brincadeiras e da salutar caminhada ao som de uma serenata com músicas da época da mocidade dos convidados. Para culminar, um prazer rebuscado no passado, piquenique com fartura de alimentos e frutas. Dezenas de registros fotográficos documentaram o evento, porém, nenhum captou uma linda imagem que gravei no meu consciente. Sem tempo hábil de registra-la no momento do ocorrido, eu a transformo em palavras. Envolve dois personagens marcantes e contrastantes da festa; Cida, uma idosa, e João, um garoto. Ela, uma negra, saúde combalida, deficiente visual e com falta parcial dos dentes. Sua situação era ainda pior; estava atrelada em definitivo a uma cadeira de rodas. O menino, doze anos de idade, branco, em pleno gozo de saúde, sem qualquer deficiência e total mobilidade. Ele é quem conduzia a cadeira da idosa pelo interior do parque. Conversavam animadamente e gargalhavam vez ou outra demonstrando uma afinidade que parecia vir de longa data, ou que até 147