Revista LiteraLivre 11ª Edição | Page 121

LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018 O jardim de Ana Marione Cristina Richter Venâncio Aires/RS Era uma vez, ou já foram duas? Na verdade, para Ana já não fazia diferença, o tempo já não corria mais da mesma forma. Tudo mudou quando ela chegou ao asilo e lhe contaram que ali seria seu novo lar. Conheceu o quarto que dividiria com outra senhorinha, quase surda, que não conversava muito. Sua companheira de quarto falecera duas semanas antes, por isso abriu a vaga. Mostraram a cozinha, a área de convivência e vários outros cômodos, mas foi quando chegou no pátio dos fundos viu, bem lá nos fundos mesmo, um portão velho em um muro alto. Perguntou o que tinha lá e disseram-lhe que um dia fora um jardim, mas que agora não havia nada. Os dias se passaram, de forma lenta e arrastada em seu novo lar, onde ninguém vinha lhe visitar. Que tédio! Chateada com estes dias sem fim, foi caminhar no pátio, com seu chinelinho de pelúcia, dores nas juntas e passos curtos. Quando se deu conta estava em frente ao portão velho do antigo jardim e, como não estava trancada, resolveu entrar. 115