Revista LiteraLivre 11ª Edição | Page 46

LiteraLivre Vl. 2- n º 11 – Set / Out. de 2018
havia sótão, nem porão... exceto um buraco pequeno, cavado no chão, chamado de porão de ciclone, onde a família poderia ir no caso de aparecer um daqueles grandes furacões, grandes o suficiente para destruir qualquer construção em seu caminho. Era acessado por um alçapão no meio do assoalho, de onde uma escada descia para um buraco pequeno e escuro.”- Mãe, onde é o Kansas?- O Kansas fica nos Estados Unidos, filha.- Ah, e o que é um ciclone?- É um vento muito forte que gira em círculos e vai arrastando tudo o que encontra pela frente.- Assim como uma chuva de vento?- Mais ou menos, só que não tem chuva, só o vento. A história que a mãe lia para a menina de 6 anos já era famosa em todo o mundo, e até mesmo versões para teatro e cinema haviam sido criadas, obtendo igual êxito de público. Mas não era esse o motivo que a levava a contá-la para a filha. Seriam os ensinamentos contidos naquela jornada de uma garota e seus 3 amigos( em busca de um ideal distinto para cada um deles), entre os quais a dificuldade inerente para alcançá-los?
Ou quem sabe a ênfase na vitória do Bem sobre o Mal, encarnada pela luta entre Dorothy e a Bruxa Malvada do Oeste, moral que frequentemente as histórias infantis veiculam?
Certamente a menina poderia perguntar-lhe também o que eram pradarias, que jeito teria um sótão e para que servia um porão, entidades que ela nunca tinha visto pessoalmente( pelo menos com esses nomes). Mas no geral elas não careciam de explicação para que pudesse entender o contexto. Ela simplesmente imaginava algo que " fizesse de conta " que fosse tal coisa.
“ Tio Henry nunca ria. Trabalhava duro da manhã à noite e não sabia o que era alegria. Ele também era acinzentado, desde a barba longa até as botas toscas; parecia severo, solene e raramente falava. Era o Totó que fazia Dorothy rir e evitava que ela ficasse tão acinzentada como as coisas que estavam ao 40