LiteraLivre Vl. 2 - nº 11 – Set/Out. de 2018
permitir exigir qualquer favor sexual. Ela o pisoteava, descalça e às vezes com
saltos, arrebatando suspiros e gemidos de dor. Tratava-o agora com rigor, agora
com ternura, como se fosse seu pequeno cachorro.
Ricardo finalmente se revelara, oferecendo-se a sua patroa. A partir desse
momento, ela teria podido dispor completamente dele, como e quando quiser.
Uma relação nova, estreita e vinculativa começou, um compromisso total, um
caminho de submissão a uma mulher forte. A partir desse momento, Djamila se
assegurou de aparecer na casa do jovem apenas quando estiver segura de
encontrá-lo. Ricardo recebeu ordem de preparar-se atrás da porta, vestido
apenas com uma fina tanga, de joelhos, pronto para lamber os pés de sua rainha
assim que ela entrar na casa. Ela pisoteava-o: o rosto, o pescoço, o corpo inteiro,
provocando-o também com pressões e pontapés nas partes mais íntimas, sem
sequer chegar a implicações sexuais. Depois disto, os dois procediam à limpeza
do apartamento, ou melhor: ela procedia à limpeza, usando-o como um
trabalhador auxiliar, um pano para limpar os pisos, para limpar o suor e um
capacho para limpar seus pés, amaciando-os com a saliva em longas lambidas,
durante o trabalho. A excitação de Ricardo atingia alturas extremas, que ele nem
teria imaginado, antes de conhecer sua senhora. Ela o provocava, fazendo-o
cheirar seus pés, mas sem permitir que seus lábios ou sua língua os
alcançassem, golpeando-o com pontapés, até ver sua crescente excitação. A
tortura durava muito tempo, entre estímulos e interrupções, acabando apenas
quando o jovem exausto dava um orgasmo solitário. A dona intervinha
finalmente, dando os pés à adoração do jovem, para impor-lhe que os limpe
meticulosamente com a língua.
A relação de submissão durou dois anos. O contrato de Ricardo virou-se para o
fim e o jovem professor teve que ir para outras terras, abandonando o país em
que vivera suas melhores experiências, mas deixando lá a alma. Ele queria
continuar seu relacionamento com Djamila para sempre, mas assim teria perdido
o trabalho, não conseguindo garantir-se a sobrevivência.
Muitos anos se passaram, Ricardo agora está aposentado e voltou a viver na
Europa. Em sua carreira, percorreu vários países, conhecendo outras mulheres,
outras companheiras, outras donas... Esta noite pensa em Djamila, pergunta-se
onde será a sua antiga empregada, iniciadora nas artes e alegrias da submissão.
O pensamento o enche de nostalgia, numa noite de inverno, enquanto neva no
exterior na escuridão da noite. Parece-lhe ver diante de seus olhos aqueles pés
orgulhosos pintados com henna, as unhas compridas coloridas em preto
profundo. Ele percebe que estendeu a língua, com um reflexo condicionado,
excitado pela memória, enquanto a televisão apresenta as últimas notícias.
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