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o valor excepcional desse monumento o destina a ser inscrito , mais cedo ou mais tarde , nos Livros do Tombo , como monumento nacional , e que portanto seria criminoso vê-lo arruinar-se por falta de medidas oportunas de preservação . ( Lucio Costa apud Raggi , 2015 )
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Segundo Raggi ( 2015 ), reforça a legitimidade da ined́ ita medida dizendo-se tratar de um tombamento preventivo para garantir as geraçoẽs futuras a autêntica arquitetura do sećulo XX . Com o mesmo respaldo , no mesmo ano ocorre o tombamento do edifić io do Ministeŕ io da Educaçaõ e Saud́ e , datado de apenas dois anos d e s u a i n a u g u r a ç ã o .
O tombamento da Igreja da Pampulha muda radicalmente a visaõ da preservaçaõ do patrimônio moderno brasileiro . Tombou-se uma obra atual para tentar escrever previamente a histoŕia da arquitetura do sećulo XX . Isto e , ́ garantir para as geraçoẽs do futuro , o que nos ́ no presente consideramos como o que de melhor produzimos – aquilo que mais cedo ou mais tarde seria reconhecido como obra de arte . O mesmo se faz necessário ao pensarmos no edifício da Biblioteca Brasiliana , visto a excelência na projeção da arquitetura contemporânea e o importante legado que esta deixará . A Capela de São Francisco de Assis foi a primeira igreja moderna do Brasil . Ali Niemeyer ousou renovar a tradição de um espaço religioso católico a partir de uma estrutura nova onde o concreto expressasse todas as suas possibilidades plásticas . A nave em forma trapezoidal é coberta com uma abóboda parabólica de seção variável que , no encontro com a capela-mor retangular , ladeada pelos puxados das sacristias , produz uma diferença de alturas por onde uma luz mágica entra para iluminar o afresco do altar-mor . As curvas , a seneira , coro , púlpitos e batistério , tudo faz alusão à tradição da arquitetura religiosa mineira e franciscana , mas como tudo foi desenhado com novidades inesperadas , a Capela causou um enorme estranhamento à população e à Igreja ( SOUZA , apud Raggi , 1998b , p . 195 ).
Dessa forma , resgatar na espacialidade ou conteúdo , os legados socioespaciais das sucessivas modernidades é o percurso que empreendemos com este artigo , visto que a Biblioteca possuí um valor , talvez , ainda não estimado pela população ( já que se trata de uma biblioteca de valor inestimável ), não utilizado por toda a comunidade a não ser parte da acadêmica . O possível processo de tombamento da Biblioteca Brasiliana não se apoia somente em sua arquitetura moderna , mas sim a obra em si : edifício projetado única e exclusivamente para abrigar o maior acervo brasiliano de que se tem notícia . Dado o seu interior tão importante , faz-se necessário o devido valor ao edifício que , por assim dizer , protege seu cerne . Olhando-se para toda a tecnologia empregada e impregnada no edifício , tem-se um exemplar genuíno de arquitetura contemporânea , que mescla aspectos da era digital e tecnológica e viés modernos de planejamento arquitetônico . A obra deve ser mantida segundo o seu valor de organização de bilbliotecas futuras .
CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos primeiros tombamentos do Iphan de bens
imov ́ eis do movimento moderno , a relaçaõ com a histoŕ ia da arquitetura foi pragmat́ ica . Preponderaram as inscriçoẽs de edicaçoẽs de autoria de personagens indispensav́ eis a ̀ trama narrativa que estavam ameaçadas de inconclusaõ ou mutilaçaõ , garantindo-se sua permanência como provas materiais do moderno nacional . A justicativa para o reconhecimento precoce adivinha do fato de tais obras ja ́ serem monumentos que se destinariam a ser inscritos , “ mais cedo ou mais tarde , nos Livros do Tombo ”, como declarou Lucio Costa ao defender a proteçao ̃ a ̀ Igreja de Pampulha , assim como a Biblioteca Brasiliense .
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