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Index | Sobre um filme Depois daquele filme Por Tiago Franklin R Lucena - Crítica do filme “Blow Up - Depois daquele beijo” - Certa vez escrevia Italo Calvino sobre algumas razões para ler clássicos. Os clássicos, dizia ele, “são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos.” Calvino dedicou seus comentários a obras-livros mas poderíamos transportar seu discurso para qualquer modalidade artística, incluindo aqui os filmes. Nesse sentido, não há como não incorporar “Blow-Up: depois daquele beijo” (1966) de Michelangelo Antonioni com um desses exemplos de clássicos e vou tentar defender o porquê. Antonioni já tem aquele mérito de nascer com nomes de dois artistas visuais itálicos que marcaram a produção e história da arte para sempre: Michelangelo Simoni e o Michelangelo Caravaggio. O artista parece ter aprendido com seus michelangelos aquelas regrinhas potentes de composição por trazê-las sem igual para a arte cinematográfica. Todos seus filmes possuem imagens que mereceriam intermináveis printscreens e funcionam como aulas magnas de composição e estão carregadas de conteúdos que nos fazem crer que quanto mais visto mais se relevam novas. Os quadros não só são belos, como naquele cinema que os faz para esconder um roteiro fraco, mas são quadros que dizem outras coisas, que ora estão na cabeça dos personagens, no contexto da cena, e ora no sentimento da mulher e na in-comunicabilidade entre todos (para usar de um termo frequentemente associado a ele). “Blow-up” nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. Para começar o filme não é aquela peça divertida no sentido da molecadinha que diante de Ipads não conseguem mais se assentar frente a uma tela e pôr-se a pensar e não a tocar. Mas cito-o nesse momento porque entendo que no mundo há um movimento de querer ser “descolado”, de uma wannabe forçado que talvez para a sustentação dessa imagem “Blow-Up” consiga contribuir. Coloque uma de suas imagens no Facebook para começar a te diferenciar dos mortais que possuem o graffitti dos gêmeos ou do Bansky. Com “Blow-up”, aquele olhar desatento aprendido com Youtube é requerido para perceber que na imagem há realidades construídas e com ela podemos especular sobre a própria condição de olhar. Antonioni constrói olhares e é sobre o olhar que o filme nos fala. O filme é de 1966, ano que a juventude se sentia merecidamente especial e mesmo sem twitter ocupou as ruas em movimentos sociais de luta contra guerra e produzia ali um rico e fértil caldo cultural que iria