imagens retiradas da internet
a meu corpo de forma a fazer com que minha visão sofresse um processo
de extrusão. Vi mais e melhor. Vi, como as imagens médicas do corpo
nos dão hoje, imagens que de tão além mostram problemas no meu corpo
que não seriam percebidos com o melhor olho do melhor médico.
Não é de se espantar que a crítica não pouparia elogios ao filme, chamando-o de tão importante e geminal quanto Cidadão Kane, Roma - Cidade Aberta
e Hiroshima, Meu Amor, ou talvez um pouquinho mais. A revista “TIME”
chamou-o de “vibrante, tenso e excitante e uma brusca mudança criativa na
carreira de Antonioni” prevendo que ele seria “o mais popular de todos os
filmes” já feitos pelo cineasta. No final, e cabe aqui trabalhar com um “spoiler”, o
filme parece indicar na arte da representação e na formação de uma paisagem
sonora aquela realidade que foi arquitetada. O diretor parece denunciar que o
próprio cinema, da qual acabara de se valer, constrói por meio do quadro, do
corte, do som, da atuação suas realidades. E assim Antonioni querendo entrar
no hall dos outros michelangelos como um daqueles artistas que nos cria peças
para constantemente re-ver e desconfiar dessa nova aparição das imagens.