Revista Index . | Page 10

espirrar no cinema, arte, moda e música. Outro italiano, Bertolucci, iria traduzir esse sentimento sem sair de uma casa em “Os sonhadores” (2003). Tendo essa “revolução cultural” como pano de fundo podemos aproximar a intenção de milhares de jovens hoje, que se dizem interessados por fotografia ao descobrir as maravilhas dos filtros nos apps dos smartphones. Sou um deles. Também me interesso por blogs com dicas de moda escritos por blogueiros moderninhos que fotografam anônimos nas ruas de NY e nos mostram de lá como nos devemos vestir cá. Tenho amigos com óculos Rayban Wayfarer e Clubmaster que se interessam por filmes e sabem nomes e sobrenomes de diretores de séries de TV bem como os desafios para o lançamento da nova temporada no modelo mais cool de TV: Netflix ou Apple TV. Mas minha percepção é que efetivamente nenhum deles criam um repertório que nos conecte com os temas reais e profundos do cinema, televisão, fotografia e moda. Não aquela falta de formação básica na história do cinema. Comprova que faltou aquele tempo lendo. Nos falta a vontade de assumir “2001Uma odisseia no espaço” (1968) como um desafio da madrugada. Não estou falando de Vertov, outro importante pioneiro com produções que datam de 1929, que ainda assim já mereceu remixagens de sons que podem fazê-lo habitar a paisagem da televisão numa noite de festa em casa. Mas para relembrar, Antonioni morreu em 2007 no mesmo dia que Ingmar Bergman e conseguiram levar consigo aquela quase-certeza de que uma nova era deveria começar no cinema, porque os portões do apocalipse apontavam que seria o fim de uma era tão lúcida nessa arte. Talvez eu não esteja vendo as mudanças culturais e não consiga perceber as novas manifestações em videoclipes que apontam para novos e ótimos meios de contar e fazer audiovisual. Em “Blow-Up”, Antonioni conta a história de um fotógrafo de moda, acompanhado de uma trilha sonora Com “Blow-up”, aquele olhar desatento aprendido com Youtube é requerido para perceber que na imagem há realidades construídas e com ela podemos especular sobre a própria condição de olhar. sabemos efetivamente nada além de uma referência aqui e acolá presente numa camisa comprada pela Internet. Esse filme é uma daquelas referencias seminais e ainda me espanta ver que muitos nem ouviram falar dele, o que comprova do jazz de Herbie Hancock e com o rock do Yardbirds que por si já mereceriam nossa atenção. O fotógrafo Thomas vive plenamente o fevor cultural dos anos 60 e se env