Revista GY REVISTA TCC | Page 22

CAPA • GY Luma Borges K yssa Bieterniki Martins, tem 17 anos e é muito capricorniana, prática e não é muito fã de drama. É livre de sonhos e an- gústias, e no futuro espera poder ser sem ter medo de ser. Foi criada por mulheres incríveis e com toda a certeza do mundo influenciaram ela a ser quem ela é hoje. A vida ensinou a ela desde sempre a resisir. “ Hoje eu consigo perceber o quanto o feminismo estava presente dentro da minha casa, na forma como fui criada, vivendo com minha mãe e minha avó, na escolha da minha mãe de me criar sozinha, indo contra as regras da sociedade. Eu nunca sofri bullying ou preconceito (não que eu tenha per- cebido), mas em alguns momentos da minha vida eu sofri certas pressões sociais, principalmente no colégio (tem que beijar, tem que depilar, tem que isso, tem que aquilo...). Sempre tive cabelo cacheado e grande, mas por volta dos meus 11 anos, comecei a me incomodar com o volume do meu cabelo e passei a fazer relaxamento. Vários anos de química para poder me encaixar num padrão que eu nem tinha certeza se queria estar. Aos 16, minha mãe fa- leceu e o meu psicológico estava totalmente abalado, fiz uma dessas escovas que alisam o cabelo e quando percebi que meu cabelo não iria mais cachear e não parava de cair, foi a gota d’água pra mim. Como já tinha uma vontade de infância de ter o cabelo chanel (nunca fui muito apegada ao cabelo gran- de), não pensei duas vezes, fui lá e passei a tesoura. Dois meses depois, fiz o famoso corte “joãozinho”. Já tentei deixar ele crescer, algumas vezes por curiosidade de como ficaria, outras, por sempre ouvir comentários tipo “quando você vai deixar crescer?”. Mas me encontrei nele, eu me libertei. Liberdade pra mim é algo que alcanço quando estou entre amigos, ninguém entende meu tempo de risada porque eu codifico, decodifico e guardo os momentos como o corte de cabelo: leve e curto. O que carrego comigo é a diferença em criatividade por minha mãe ter sido muito artística, tanto na música quanto no artesanato, eu sempre tinha um laço diferente, uma fanta- sia e um bordado especial. A minha construção foi fora do padrão, então não me vejo com dificuldade de enfrentar a padronização da sociedade: sou assim e pronto. Jamais exis- tirá na minha pauta desrespeito pela escolha do que for, pois o que importa realmente é cada um se aceitar, ligar o botão do f... e ser feliz. É claro que não é todo dia que estamos com cara boa e rindo pra todo mundo, mas a superação é olhar para o Céu e ver quão grande e lindo ele pode ficar além dos amigos que fazem toda a diferença. O sono também me renova, colocar um pijama e abraçar o travesseiro é realmente confortante, confortável, conforto para alma. Como é bom depois de um dia tempestivo poder ficar na horizontal com olhos fechados, criando possibi- lidades. O mundo seria bem melhor se cada um tivesse estrutura (psicológica, física e material) pra se desenvolver porque cada um tem um po- tencial e se pudesse se ouvir para poder colocar em prática o que pensa, seria um mundo de pessoas do bem, que se colocassem no lugar do outro. Acho que descobri como faria para mudar o mundo (risos): Horas de contemplação, sono e de pensamentos criativos, se libertando dos padrões e vivendo para fazer o outro feliz para de quebra ser muito feliz também. “ESPERO PODER SER SEM TER MEDO DE SER” “ME ENCONTREI E ME LIBERTEI” kyssa bIeternIk @kyssabieternik Kyssa veste: Now Ateliê Foto: Tainara Cal Produção: Luma Borges geracaoy.com.br | Dezembro 2018 22 23 geracaoy.com.br | Dezembro 2018 O feminismo representa pra mim, a liberdade, a igualdade, mulheres e homens serem quem são, sem seguir padrões, apenas respeitando o ser. Muito ca- minho já foi percorrido, muito do que sou hoje é pela luta de quem veio antes, mas ainda temos muitos mu- ros para derrubar.” VOCÊ É LUZ , KYSSA !