CAPA • GY
Luma Borges
K
yssa Bieterniki Martins, tem 17 anos e é muito capricorniana, prática e não é muito fã de drama. É livre de sonhos e an-
gústias, e no futuro espera poder ser sem ter medo de ser. Foi criada por mulheres incríveis e com toda a certeza do mundo
influenciaram ela a ser quem ela é hoje. A vida ensinou a ela desde sempre a resisir.
“
Hoje eu consigo perceber o quanto o feminismo estava presente dentro da
minha casa, na forma como fui criada, vivendo com minha mãe e minha
avó, na escolha da minha mãe de me criar sozinha, indo contra as regras
da sociedade. Eu nunca sofri bullying ou preconceito (não que eu tenha per-
cebido), mas em alguns momentos da minha vida eu sofri certas pressões
sociais, principalmente no colégio (tem que beijar, tem que depilar, tem que
isso, tem que aquilo...). Sempre tive cabelo cacheado e grande, mas por volta
dos meus 11 anos, comecei a me incomodar com o volume do meu cabelo e
passei a fazer relaxamento. Vários anos de química para poder me encaixar
num padrão que eu nem tinha certeza se queria estar. Aos 16, minha mãe fa-
leceu e o meu psicológico estava totalmente abalado, fiz uma dessas escovas
que alisam o cabelo e quando percebi que meu cabelo não iria mais cachear
e não parava de cair, foi a gota d’água pra mim. Como já tinha uma vontade
de infância de ter o cabelo chanel (nunca fui muito apegada ao cabelo gran-
de), não pensei duas vezes, fui lá e passei a tesoura. Dois meses depois,
fiz o famoso corte “joãozinho”. Já tentei deixar ele crescer, algumas
vezes por curiosidade de como ficaria, outras, por sempre ouvir
comentários tipo “quando você vai deixar crescer?”. Mas me
encontrei nele, eu me libertei. Liberdade pra mim é algo que
alcanço quando estou entre amigos, ninguém entende meu
tempo de risada porque eu codifico, decodifico e guardo
os momentos como o corte de cabelo: leve e curto. O que
carrego comigo é a diferença em criatividade por minha
mãe ter sido muito artística, tanto na música quanto no
artesanato, eu sempre tinha um laço diferente, uma fanta-
sia e um bordado especial. A minha construção foi fora do
padrão, então não me vejo com dificuldade de enfrentar a
padronização da sociedade: sou assim e pronto. Jamais exis-
tirá na minha pauta desrespeito pela escolha do que for, pois
o que importa realmente é cada um se aceitar, ligar o botão
do f... e ser feliz. É claro que não é todo dia que estamos com
cara boa e rindo pra todo mundo, mas a superação é olhar para o
Céu e ver quão grande e lindo ele pode ficar além dos amigos
que fazem toda a diferença. O sono também me renova,
colocar um pijama e abraçar o travesseiro é realmente
confortante, confortável, conforto para alma. Como
é bom depois de um dia tempestivo poder ficar na
horizontal com olhos fechados, criando possibi-
lidades. O mundo seria bem melhor se cada um
tivesse estrutura (psicológica, física e material)
pra se desenvolver porque cada um tem um po-
tencial e se pudesse se ouvir para poder colocar
em prática o que pensa, seria um mundo de
pessoas do bem, que se colocassem no lugar do
outro. Acho que descobri como faria para mudar
o mundo (risos): Horas de contemplação, sono
e de pensamentos criativos, se libertando dos
padrões e vivendo para fazer o outro feliz para
de quebra ser muito feliz também.
“ESPERO PODER
SER SEM TER
MEDO DE SER”
“ME ENCONTREI
E
ME LIBERTEI”
kyssa bIeternIk
@kyssabieternik
Kyssa veste: Now Ateliê
Foto: Tainara Cal
Produção: Luma Borges
geracaoy.com.br | Dezembro 2018
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geracaoy.com.br | Dezembro 2018
O feminismo representa pra mim, a liberdade, a
igualdade, mulheres e homens serem quem são, sem
seguir padrões, apenas respeitando o ser. Muito ca-
minho já foi percorrido, muito do que sou hoje é pela
luta de quem veio antes, mas ainda temos muitos mu-
ros para derrubar.”
VOCÊ
É LUZ
,
KYSSA
!