Revista GY REVISTA TCC | Page 14

CAPA • GY Luma Borges “NUNCA ACEITAR SER REPRIMIDA” “QUERO FAZER A DIFERENCA” “ACABEI SENDO VITIMA DE BULLYING” LARA GUARNEL @laraguarnel Lara veste: Now Ateliê Foto: Tainara Cal Produção: Luma Borges L ara Marina de Campos Guarnel, tem 17 anos. Dizer quem ela é ou quem quer ser sempre foi muito complicado. Nunca soube se definir muito bem, sempre se julgou imatura demais para tudo e se vê como uma grande mistura de senti- mentos, emoções, atitudes e pensamentos. Sempre ouve que é “oito ou oitenta”, de extremos, inteligente, sensível, verdadeira, engraçada, intuitiva, carente e educada. Não discorda. Gosta de viver para ter experiências novas, conhecer pessoas novas, adquirir conhecimentos novos e ter uma percepção do mundo diferente dos outros. Gosta de romances, é uma romântica incorrigível, do coração molinho, acredita em amor verdadeiro e em príncipe encantado. Gosta de ser excêntrica, de arriscar. Ama música, a família diz que ela “foi catequizada pelo pai” para admirar rocks antigos, é o traço favorito dela. Gosta de pessoas e conversas profundas, principalmente as que ajudam a conhece-la melhor. “ O feminismo nunca foi presente na minha família, mas instintiva- mente fui criada para tal. Filha de uma mulher amplamente inde- pendente e profissional, sempre ouvi conselhos para nunca acei- tar ser oprimida pelo sexo oposto, viver por ele e muito menos depender dele. Inevitavelmente, também tive contato com ideologias machistas vindas de próprias mulheres, mas fruto unicamente da sociedade amplamente machista e patriarcal em que somos inseridas. Seguindo essa linha, acabei crescendo acreditando na igualdade entre eu e os homens para só futuramente, quan- do o movimento estava se destacando novamente graças à mídia e à tecnologia, descobrir que isso tudo era o feminismo. Agora anseio muito para que a revolução aconteça e consigamos derrubar todas as amarras retrógradas. Infelizmente, meu amadurecimento não foi fácil. Quan- do bem novinha, na transição de infância para adoles- cência, acabei sendo vítima de bullying. Foi difícil, eu não possuía noção de que a aparência poderia signifi- car tanto e que meu corpo magrinho poderia ser alvo de piadas. Foram dias horríveis e cruéis para uma menina tão nova e que ainda estava tentando entender as mudan- ças naturais dos nossos corpos, acabaram afetando profun- damente meu psicológico e minha visão sobre eu mesma. Foi preciso de um acompanhamento profissional da área de Psico- logia para lidar com a complexidade dos reflexos das piadas de mal gosto sobre mim. Recuperar a minha autoestima e me ajudar a aceitar meu corpo. Até hoje, sei que tenho sequelas, mas procuro meios para me valorizar e não me entristecer. Minha mente fértil me permite sonhar bastante, Eu ainda quero viajar o mundo e ter contato com muitas culturas diferentes. Também tenho vonta- de de escrever um livro inovador de romance. E por último, quero fazer a diferença, ainda não sei como, o quê ou onde, mas minha mente brilhante ainda vai me iluminar com uma ideia diferente. Por fim, descrever-me acabou superando to- das as minhas expectativas e não foi tão difícil quanto imaginei. Consciente de que posso ter deixado alguns traços importantes passar, sei que esse é apenas o começo, e que eu quero ser bem mais e maior, talvez este seja o maior de todos os meus sonhos.” SONHE SEMP RE, LARA!