CAPA • GY
Luma Borges
“NUNCA ACEITAR
SER REPRIMIDA”
“QUERO FAZER
A DIFERENCA”
“ACABEI
SENDO VITIMA DE
BULLYING”
LARA GUARNEL
@laraguarnel
Lara veste: Now Ateliê
Foto: Tainara Cal
Produção: Luma Borges
L
ara Marina de Campos Guarnel, tem 17 anos. Dizer quem ela é ou quem quer ser sempre foi muito complicado. Nunca
soube se definir muito bem, sempre se julgou imatura demais para tudo e se vê como uma grande mistura de senti-
mentos, emoções, atitudes e pensamentos. Sempre ouve que é “oito ou oitenta”, de extremos, inteligente, sensível,
verdadeira, engraçada, intuitiva, carente e educada. Não discorda.
Gosta de viver para ter experiências novas, conhecer pessoas novas, adquirir conhecimentos novos e ter uma percepção
do mundo diferente dos outros. Gosta de romances, é uma romântica incorrigível, do coração molinho, acredita em amor
verdadeiro e em príncipe encantado. Gosta de ser excêntrica, de arriscar. Ama música, a família diz que ela “foi catequizada
pelo pai” para admirar rocks antigos, é o traço favorito dela. Gosta de pessoas e conversas profundas, principalmente as que
ajudam a conhece-la melhor.
“
O feminismo nunca foi presente na minha família, mas instintiva-
mente fui criada para tal. Filha de uma mulher amplamente inde-
pendente e profissional, sempre ouvi conselhos para nunca acei-
tar ser oprimida pelo sexo oposto, viver por ele e muito menos
depender dele. Inevitavelmente, também tive contato com
ideologias machistas vindas de próprias mulheres, mas
fruto unicamente da sociedade amplamente machista
e patriarcal em que somos inseridas. Seguindo essa
linha, acabei crescendo acreditando na igualdade
entre eu e os homens para só futuramente, quan-
do o movimento estava se destacando novamente
graças à mídia e à tecnologia, descobrir que isso
tudo era o feminismo. Agora anseio muito para que
a revolução aconteça e consigamos derrubar todas
as amarras retrógradas.
Infelizmente, meu amadurecimento não foi fácil. Quan-
do bem novinha, na transição de infância para adoles-
cência, acabei sendo vítima de bullying. Foi difícil, eu
não possuía noção de que a aparência poderia signifi-
car tanto e que meu corpo magrinho poderia ser alvo de
piadas. Foram dias horríveis e cruéis para uma menina
tão nova e que ainda estava tentando entender as mudan-
ças naturais dos nossos corpos, acabaram afetando profun-
damente meu psicológico e minha visão sobre eu mesma. Foi
preciso de um acompanhamento profissional da área de Psico-
logia para lidar com a complexidade dos reflexos das piadas
de mal gosto sobre mim. Recuperar a minha autoestima e
me ajudar a aceitar meu corpo. Até hoje, sei que tenho
sequelas, mas procuro meios para me valorizar e não
me entristecer.
Minha mente fértil me permite sonhar bastante,
Eu ainda quero viajar o mundo e ter contato com
muitas culturas diferentes. Também tenho vonta-
de de escrever um livro inovador de romance. E
por último, quero fazer a diferença, ainda não
sei como, o quê ou onde, mas minha mente
brilhante ainda vai me iluminar com uma ideia
diferente.
Por fim, descrever-me acabou superando to-
das as minhas expectativas e não foi tão difícil
quanto imaginei. Consciente de que posso ter
deixado alguns traços importantes passar, sei
que esse é apenas o começo, e que eu quero
ser bem mais e maior, talvez este seja o maior
de todos os meus sonhos.”
SONHE
SEMP
RE,
LARA!