Revista GY REVISTA TCC | Page 12

CAPA • GY AJUDA • GY Crianças, adolescentes, mulheres: só querem liberdade! Provavelmente você já deve ter escutado, lido ou conhecido al- guma mulher que teve seu momento íntimo vazado na internet. Aquele simples “nude”, que a gente acha inofensivo, feito na hora do prazer ou até mesmo em uma brincadeira, pode virar uma dor de cabeça e levar a consequências mais graves. 67% dos casos de sexting (mensagens de conteúdo íntimo e sexual) e exposição íntima são de mulheres. Na maioria dos casos, os materiais são divulgados por ex-companheiros que se prevalecem da confiança feminina ou publicam somente por vingança após o término de um relacionamento conturbado. A Marcela (nome fictício), se viu fazendo parte dessa estatística após ter sido avisada, por alguns conhecidos, que suas fotos estavam em um site pornográfico. Ela mandou um e-mail pra gente contando sua história de força e superação. TEXTAO “Gy, gostaria de contar a minha história de exposição na internet e espero que dessa forma consiga deixar uma mensagem para tantas outras meninas que passam por essa situação: Eu havia terminado há pouco tempo com meu ex namorado e pra esfriar a ca- beça, minhas amigas e eu resolvemos passar o carnaval em Recife. Lá eu conheci um cara e nos apaixonamos (ou só eu me apaixo- nei). Voltei para o Rio de Janeiro e, como estávamos a quilômetros de distância, trocávamos MUITOS nudes na hora da carência. Um belo dia resolvi terminar, pois não estava mais no clima e quis seguir minha vida aqui no RJ. Ele não cur- tiu muito, questionou, depois disse que “eu devia estar com outro” e não falou mais nada. Na semana seguin- te descubro que haviam fotos nuas minhas na internet, em sites pornográficos. Detalhe: tinha meu nome, sobre- nome, idade e empresa onde eu trabalhava na época. Claro que meu patrão descobriu e fui demitida dias depois. Procurei a delegacia por duas vezes, na primeira eu não fui bem recebida. Policiais machistas que fizeram questão de fazer per- guntas como se eu fosse a culpada disso tudo. Da segunda vez foram mais abertos e me ajudaram solicitando a retirada das minhas fotos em alguns sites. Também contei para os meus pais e, de cara não entenderam muito bem, mas depois me deram todo apoio. SIM ! Essa exposição, me fez procurar psicólogos pra tentar superar tudo isso. Toda vez que eu descobria mais alguma foto mi- nha, eu pedia para o policial que cuidava do meu caso, entrar em contato com os administradores do site e solicitar a re- tirada do ar. Lembro que em um dia eu perguntei se isso não iria acabar nunca e ele me respondeu que não, não iria aca- bar, mas que um dia iria passar. E passou, por mais que tenha sido pesado e eu ainda carregue vestígios dessa ferida, hoje eu sou outra pessoa, inclusive a confiança que tenho nas pessoas é outra. Sobretudo tenho a obrigação de falar com ou- tras mulheres que essa frase “isso nunca vai acontecer comigo” já foi comprovada que não é real. Todo cuidado é pouco. Lembrem-se: A UNIÃO DAS MULHERES FAZ A FORÇA!” O vazamento de imagens sem o consentimento é CRIME e a polícia consegue identificar para punir o responsável pelo ato. Segundo a advogada Drª Elenice, que é presi- dente da Comissão de Enfrentamento à Violência Con- tra Mulher, da OAB de São Gonçalo, toda pessoa que é exposta tem total garantia de proteção sobre o Estado. lheres com as quais se relacionam, por meio de fotos ou víde- os produzidos sem o consentimento dela” afirma, Dr.ª Elenice. “A pena para esse tipo de crime cibernético de violência con- tra a mulher é de dois a quatro anos de reclusão e multa. O primeiro passo que a mulher deve dar é anotar todos os dados da página do agressor (ou onde foi publicado), dar um print na tela; imprimir e procurar uma delegacia especializada em crimes cibernéticos. Na instituição será feito um registro de ocorrência para que inicie uma investigação. Após a conclusão o delegado encaminha a denuncia para o Ministério Público e lá será decidido se oferecerá ou não a denuncia de quem cometeu o chamado “crime de vingança pornográfica”, que geralmente é cometido pelo ex-companheiro, que divulga ou ameaça divulgar nas redes sociais a intimidade sexual das mu- “A Lei Rose Leonel, aprovada pela Câmara Federal, propôs al- terações na Lei Maria da Penha e reconhece que a violação da intimidade da mulher consiste em uma das formas de violên- cia doméstica e familiar. Entretanto, a lei precisa ser aprovada pelo Senado Federal sancionada pelo presidente da República” A advogada também ressalta que há uma ementa que altera o texto da Lei Maria da Penha propondo que a exposição íntima de mulheres também se enquadra como violência doméstica. CINCO garotas reais e que você nunca ouviu falar, mas querem fazer a diferença no mundo. Conheça a história de cinco garotas, do interior do Rio de Janeiro, cada uma em sua realidade e em seu contexto, desabafam sobre feminismo, autoestima e contam o que fariam para mudar o mundo. A GY não procurou a PMRJ, pois a leitora que mandou a sua história preferiu não levantar o assunto. Entretanto, fa- zemos um apelo para as nossas leitoras que foram vítimas de ações como essas, não deixem para trás ou se calem. Se necessário, procurem advogados especialistas no caso. Não se esqueçam: JAMAIS SERÁ MIMIMI! geracaoy.com.br | Dezembro 2018 VAI TER De acordo com o Safernet, canal que recebe pedidos de ajuda e monitora crimes online em parceria com o Ministério Público, Polícia Federal e Secretaria de Direitos Humanos, em 2017, Luma Borges Caroline Barcellos 12 geracaoy.com.br | Dezembro 2018 13