Revista Global 2014 Carnaval 2014 | Page 32

19 84 - 993 1 no princípio era o Verbo De repente, a passarela icou pronta. Passistas, mestressalas e portas bandeiras ganham um espaço deinitivo para mostrar arte e alegria. Era 1984. O povo estava nas arquibancadas vibrando por sua escola e nas ruas do Brasil exercendo seu direito democrático In the beginning was the Word Suddenly the catwalk was ready. Samba dancers, masters of ceremony and lag-bearers won a permanent space to show art and happiness. It was 1984. The people were at the grandstands cheering for their samba schools and at the streets of Brazil exercising their democratic rights V ão acabar com a Praça Onze / Não vai haver mais escola de samba, não vai / Chora o tamborim / Chora o morro inteiro / Favela, Salgueiro. / Mangueira, Estação Primeira/ Guardai os vossos pandeiros, guardai / Porque a escola de samba não sai. Os versos em questão são de Herivelto Martins e Grande Othelo. Referiam-se ao primeiro local de manifestações carnavalescas nos idos anos 20. Depois os desfiles passaram a acontecer nas avenidas Rio Branco, Presidente Vargas, Presidente Antônio Carlos e Marquês de Sapucaí até o ano de 1983. Em 3 de março de 1984 foi inaugurado o Sambódromo. Termo cunhado pelo antropólogo Darcy Ribeiro, principal mentor do projeto desenvolvido pelo arquiteto Oscar Niemeyer a pedido de Leonel Brizola, na época governador do Estado do Rio de Janeiro. Tinha início ali o gigantismo dos desfiles das chamadas “superescolas de samba com suas superalegorias”. Os visionários compositores Beto Sem Braço e Aloísio Machado já preconizavam essa mudança de comportamento no samba-enredo Bumbum praticumbum prugurundum, da Império Serrano, campeã do Carnaval de 1982. Mas não há dúvidas, que o Sambódromo trouxe não só a organização para os desfiles das escolas de samba cariocas como também proporcionou mais conforto ao público que assiste ao espetáculo das arquibancadas. Para quem viveu, a década de 80 foi marcada por fatos importantes não só no quesito Carnaval com desfiles apoteóticos, com intensa participação do público, como também por manifestações de antecipação de democracia, de furor cívico pela retomada do caminho do desenvolvimento econômico, das reformas sociais e educacionais e da liberalização desbragada da cultura popular. 32 GLOBAL