Revista Eletrônica IEPFAD Ed.7 - jul. 2019 | Page 9
tratamento da Síndrome da Fadiga
Crônica, uma doença misteriosa.
Após ser conduzida coercitivamente,
Mikovits foi intimada a condenar
sua própria pesquisa, alegando que
os dados estavam errados: “Diga
a todos que você inventou isso
tudo, e você pode ir pra casa. Caso
contrário, nós iremos te destruir”,
relata a cientista, que se manteve
firme às intimidações e terminou
com sua carreira destruída. A
revista científica ‘Science’, que
havia publicado a pesquisa, cedeu
à pressão e desmentiu Mikovits.
Com isso, as causas da Síndrome
da Fadiga Crônica permanecem
“desconhecidas” até os dias de
hoje.
acusadores de outro, em qual deles
deve-se confiar? No conhecimento
acadêmico e na condenação dos
acusados de fraude científica ou
nos acusados, assumindo que
seus acusadores podem estar
trabalhando para fins escusos?
Esta é uma questão que deveria
ser muito difícil de ser respondida.
Entretanto, é justamente o
contrário, e tudo começa com
o entendimento de quem são
os donos do conhecimento
acadêmico, que controlam o que
pode ou não ser ensinado e o que
deve ou não ser admitido como
verdade científica. Alguém se
questiona sobre isso?
A história completa é muito longa e
O caso de Judy é apenas um de complexa, mas ainda se bastante
muitos. Este é o alto preço que resumida, esta história [que não
pesquisadores
é
contada]
pagam se se
revela parte dos
“Desde o início, os
propuserem a
bastidores de
detentores
da
ciência
construir
um
uma
ciência
conhecimento
que
começa
já demonstravam
contrário
aos
a
ganhar
intolerância
aos
que
conhecimentos
contornos
esboçavam ideias
i m p o s t o s
acadêmicos
oficialmente.
em 1657 em
contrárias.”
Caso o façam,
Florença,
terão sua carreira aniquilada, Itália, quando a Accademia del
serão marginalizados e acusados Cimento é fundada, vindo a ser
de charlatanismo pelos donos a primeira sociedade científica
do conhecimento acadêmico, secular a receber uma autorização
exatamente como aconteceu, oficial da Igreja Católica, que até
também, com o ex-doutor Tullio aquele momento era a instituição
Simoncini, oncologista Italiano que detinha oficialmente o
banido da comunidade médica, conhecimento.
condenado
criminalmente
Nos anos seguintes, a Accademia
e intitulado fraudador por ter del Cimento prospera, assume a
dado início a uma revolução posição central da nova ciência
no
tratamento
do
câncer, e opera ativamente quando, com
curando pacientes por meio da de 10 anos de existência, acaba
administração sistemática de sendo extinta pela própria Igreja
bicarbonato de sódio.
Católica que passava a adotar uma
Diante de casos como esses,
levanta-se a seguinte questão:
tendo acusados de um lado e
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postura repressiva a novas ideias
que fossem contrárias às suas
determinações. Com isso, observa-
se que desde o início da gestão
do conhecimento acadêmico,
os detentores da ciência já
demonstravam intolerância e
impunham severas sanções aos
que esboçavam ideias contrárias.
Com sua extinção, a Inglaterra
herda o posto dos italianos por
meio de sua academia de ciência
que havia sido fundada em 1663:
a Royal Society. Nas décadas
subsequentes à sua fundação,
a Royal Society, Sociedade Real
Inglesa, com sede em Londres, vai
se estabelecer, até os dias atuais,
como a principal e mais prestigiosa
academia de ciência do mundo,
tendo seu quadro composto por
nomes como Isaac Newton, Charles
Darwin, Albert Einstein e Steph
Halkins, entre outros expressivos
nomes da ciência.
Atualmente, a Sociedade Real
vangloria-se
por
ser
uma
Irmandade [como ela própria
se intitula] composta por cerca
de 1.600 dos mais eminentes
cientistas do mundo. Todo esse
escopo, a princípio, parece atribuir
a Royal Society importantes
credenciais, afinal, esses homens
estabeleceram a história da ciência
moderna, trouxeram e trazem ao
mundo o verdadeiro conhecimento.
Será?
Em seu site oficial [royalsociety.
org], a Academia assume que
suas origens estão firmadas em
uma faculdade invisível¹ do ano
de 1660 de filósofos e médicos
naturais: tratava-se de uma
sociedade secreta destinada
ao avanço da nova ciência.
Recentemente, pesquisadoras do
Centro de Estudos de História da
Ciência da PUC paulistana, Ana
Maria Goldfarb e Márcia Ferraz,
descobriam uma carta de 1675
com um pó alquímico nos porões
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