REFERÊNCIAS
diferentes níveis da cultura. Distinguir a cultura popular da erudita não justifica sua separação, como se a sociedade fosse dividida em esferas incomunicáveis do ponto de vista cultural. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todos os níveis e modalidades é um direito inalienável.
A cidadania ativa, ideal buscado nas práticas educativas, é algo que se constrói. Não se cai do céu. O homem se constrói de maneira singular e, com suas próprias armas, tenta criar um espaço em que encontre lugar. Neste sentido, a leitura deve ser pensada como instrumento que propicia não apenas a apropriação da língua e o acesso ao conhecimento, como também a reflexão, a construção de si mesmo, a extensão do horizonte de referência e a elaboração de um mundo próprio. Mais do que um instrumento de voz, a linguagem deve ser pensada como um atalho de construção de nós mesmos enquanto sujeitos falantes.
A vida é deslocamento, principalmente em dias atuais, quando mundo remodelado nos obriga a redefinir o lugar que nele ocupamos. Neste sentido, a literatura é importante porque além de colocar o leitor em contato com culturas diferentes, o ajuda a recriar o solo que foi perdido. Ao levá-lo à parte exilada de cada um, a leitura tenta agarrar o inacabado, superando espaços, abolindo fronteiras, reconstruindo o que já foi. O livro não somente dá morada aos exilados, como também pode ser a oportunidade de proporcionar um valor criativo ao exílio. Os livros roubam um tempo do mundo,
REFERÊNCIAS
CÂNDIDO, Antônio.“ O Direito à Literatura”. In: Vários Escritos. Ouro sobre Azul, 2013.
LACAN, J. O seminário, livro 5, as formações do inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 1999.
PETIT, Michèle. A Arte de Ler ou Como Resistir à Adversidade. São Paulo: Ed. 34, 2009.
PETIT, Michèle. Os jovens e a Leitura: Uma Nova Perspectiva. São Paulo: Ed. 34, 2008.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. 6. ed., Porto Alegre: Artmed, 1998.
150 ABRIL | 2017