ARTESANATO
NÓS MINERVA
Foto: Reprodução do instagram
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Costumamos dizer que tudo a nossa volta,
nossas experiências, tudo o que ouvimos,
assistimos compõe o nosso processo criativo
DUAS ASAS Brasília, segunda-feira, 10 de junho de 2019
Girlainy, artesã
“
“
Miguel Gomes
Ainda que admirado por quase
todo mundo, o trabalho de artesanato
pode ainda não ser rentável como um
trabalho fixo devidamente empregado,
por isso, é um tanto quanto arriscado,
financeiramente falando, ingressar
neste ramo não estando totalmente
disposto a enfrentar questões que re-
almente podem ser obstáculos para a
vida econômica de um artista. Em ra-
zão disto, muitos daqueles praticantes
do artesanato em Brasília veem o arte-
sanato como um projeto paralelo, a ser
seguido apenas como “plano B”. Este é
o caso de Girlainy Xavier.
Estudante de ciência política, Gir-
lainy trabalha em sua área, mas divide
sua vida profissional com o bordado há
pouco mais de um ano, tendo isso como
renda complementar. A artesã diz ter
entrado neste segmento por conta de
uma influência familiar. Dada a sua
mãe pedagoga, Girlainy sempre pôde
contar com o incentivo dela para o tra-
balho feito à mão, praticando-o como
hobby e diversão. Seu desejo pessoal é
de fato poder ter o artesanato não como
um trabalho paralelo, mas sim como
sua fonte de renda principal, no entan-
to, apesar de observar o público em ge-
ral cultivar uma nova perspectiva quan-
to ao seu trabalho, em sua opinião, este
mercado ainda é bastante difícil, pois a
mão de obra de um artesão nem sempre
recebe o devido valor.
Para Girlainy, Brasília possui um
público de artesanato e arte em geral
muito restrito, fazendo com que o tra-
balho de tais artistas sejam expostos
apenas em localizadas situações e am-
bientes, como em feiras, convenções,
cafés ou espaços culturais, situados es-
pecialmente no Plano Piloto. A artesã,
falando também por seus colegas de
trabalho, ainda sente a necessidade de
uma descentralização quanto ao com-
partilhamento e distribuição de suas
obras em todas as regiões.
De início, ela diz que o Nós Miner-
va é um coletivo dela e de sua irmã
Silvia Carolainy e que a idéia não era
fazer algo para gerar lucro, e sim, para
se expressarem; logo viram que mui-
tas pessoas se identificavam com suas
artes. Abordam que o bordado não
precisa ser algo para as avós qualquer
um pode fazer.
Sobre a questão da criatividade ela
diz — “Costumamos dizer que tudo a
nossa volta, nossas experiências, tudo o
que ouvimos, assistimos compõe o nos-
so processo criativo”; e claro que nem
sempre as idéias fluem facilmente, mas
ela diz que é tudo uma questão de tem-
po e de deixar fluir de acordo com os
sentimentos e as vivências e, assim, no-
vas idéias sempre surgem. Ela diz que
suas prioridades são a utilização de ma-
teriais naturais como tecidos e linhas de
meado de algodão, tanto em seus bor-
dados quanto nos macramés.
— “O artesanato é para ser algo
prazeroso independente se irá ganhar
dinheiro com isto, então não se cobre
tanto e não abra mão de fazer o que
você gosta apenas visando o lucro e não
duvide da sua capacidade de fazer algo,
e aprender coisas novas, se permita,
neste meio há várias portas e oportuni-
dades de conhecimento”, aconselha ela
aos novos ingressantes na área.
DUAS ASAS Brasília, segunda-feira, 10 de junho de 2019
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