Revista Duas Asas vol 1 | Page 18

ARTESANATO NÓS MINERVA Foto: Reprodução do instagram 18 Costumamos dizer que tudo a nossa volta, nossas experiências, tudo o que ouvimos, assistimos compõe o nosso processo criativo DUAS ASAS Brasília, segunda-feira, 10 de junho de 2019 Girlainy, artesã “ “ Miguel Gomes Ainda que admirado por quase todo mundo, o trabalho de artesanato pode ainda não ser rentável como um trabalho fixo devidamente empregado, por isso, é um tanto quanto arriscado, financeiramente falando, ingressar neste ramo não estando totalmente disposto a enfrentar questões que re- almente podem ser obstáculos para a vida econômica de um artista. Em ra- zão disto, muitos daqueles praticantes do artesanato em Brasília veem o arte- sanato como um projeto paralelo, a ser seguido apenas como “plano B”. Este é o caso de Girlainy Xavier. Estudante de ciência política, Gir- lainy trabalha em sua área, mas divide sua vida profissional com o bordado há pouco mais de um ano, tendo isso como renda complementar. A artesã diz ter entrado neste segmento por conta de uma influência familiar. Dada a sua mãe pedagoga, Girlainy sempre pôde contar com o incentivo dela para o tra- balho feito à mão, praticando-o como hobby e diversão. Seu desejo pessoal é de fato poder ter o artesanato não como um trabalho paralelo, mas sim como sua fonte de renda principal, no entan- to, apesar de observar o público em ge- ral cultivar uma nova perspectiva quan- to ao seu trabalho, em sua opinião, este mercado ainda é bastante difícil, pois a mão de obra de um artesão nem sempre recebe o devido valor. Para Girlainy, Brasília possui um público de artesanato e arte em geral muito restrito, fazendo com que o tra- balho de tais artistas sejam expostos apenas em localizadas situações e am- bientes, como em feiras, convenções, cafés ou espaços culturais, situados es- pecialmente no Plano Piloto. A artesã, falando também por seus colegas de trabalho, ainda sente a necessidade de uma descentralização quanto ao com- partilhamento e distribuição de suas obras em todas as regiões. De início, ela diz que o Nós Miner- va é um coletivo dela e de sua irmã Silvia Carolainy e que a idéia não era fazer algo para gerar lucro, e sim, para se expressarem; logo viram que mui- tas pessoas se identificavam com suas artes. Abordam que o bordado não precisa ser algo para as avós qualquer um pode fazer. Sobre a questão da criatividade ela diz — “Costumamos dizer que tudo a nossa volta, nossas experiências, tudo o que ouvimos, assistimos compõe o nos- so processo criativo”; e claro que nem sempre as idéias fluem facilmente, mas ela diz que é tudo uma questão de tem- po e de deixar fluir de acordo com os sentimentos e as vivências e, assim, no- vas idéias sempre surgem. Ela diz que suas prioridades são a utilização de ma- teriais naturais como tecidos e linhas de meado de algodão, tanto em seus bor- dados quanto nos macramés. — “O artesanato é para ser algo prazeroso independente se irá ganhar dinheiro com isto, então não se cobre tanto e não abra mão de fazer o que você gosta apenas visando o lucro e não duvide da sua capacidade de fazer algo, e aprender coisas novas, se permita, neste meio há várias portas e oportuni- dades de conhecimento”, aconselha ela aos novos ingressantes na área. DUAS ASAS Brasília, segunda-feira, 10 de junho de 2019 19