Revista de Medicina Desportiva Setembro 2020 Setembro 2020 | Page 24

sofreram falência significativamente antes das osteossínteses com placa ( 63.9 +/ – 27.0 vs . 37.3 +/ – 36.9 , P = . 01 ) e com menos força aplicada ( 159.2 +/ -60.5 N vs . 96.5 +/ – 45.8 N , P = . 01 ) Uma das críticas feitas ao uso de placas para o tratamento de fraturas proximais do 5 MT refere a possibilidade de conflito com o calçado , especialmente calçado desportivo em atletas . Essa possibilidade existe , mas é uma possibilidade remota , mesmo para as placas com gancho proximal ( hook plates ) e de colocação latero-lateral . 26 Com placas sem gancho e de colocação latero-plantar tal parece não suceder de todo . 27 Por outro lado , o gancho proximal pode hipoteticamente criar conflito com a inserção do tendão do músculo curto
Figura – Fratura de stress do 5 MT do pé direito ( em cima ) e após a cirurgia ( colocação de placa e de quatro parafusos ) peronial . 28 Na opinião dos autores , o controlo da redução dos topos após cruentação e o posicionamento do autoenxerto no foco são bastante facilitados pelo uso de placa . A opção pela colocação da placa em posição oblíqua relativamente ao eixo do 5 º MT no plano lateral no presente caso teve dois objetivos fundamentais : o primeiro foi ficar perpendicular ao eixo do traço de fratura e conseguir o máximo efeito compressivo possível ; o segundo foi ficar em posição latero-dorsal proximalmente , afastada da tuberosidade do 5 º MT e assim não criar conflito com a inserção do tendão do músculo curto peronial . Ambos os objetivos foram plenamente conseguidos , estando atualmente o doente assintomático e perfeitamente reintegrado na sua atividade desportiva enquanto praticante de futsal . O período de regresso à competição esteve dentro do expectável para estes casos , ou seja 3 a 5 meses . 29 O uso de corticoides inalados não está relacionado com o aumento da incidência de fraturas 30 e na opinião dos autores tal parece igualmente não ter desempenhado um papel relevante neste caso .
Conclusão
Não existem ainda na literatura referências à epidemiologia destas fraturas ou ao seu tratamento na população específica de praticantes de futsal . No entanto , presume-se que estes dados venham também a ser publicados num futuro próximo e que não sejam muito diferentes dos verificados entre os praticantes de futebol . O resultado do presente caso clínico é bom e parece estar de acordo com o que tem sido recentemente publicado sobre o tratamento deste tipo de fraturas e que decorre da investigação em modelos laboratoriais . A osteossíntese com placa , particularmente com as placas mais recentes de baixo perfil e sem gancho , parece ser uma alternativa muito válida à osteossíntese endomedular com parafuso no tratamento de fraturas proximais do 5 º MT . Nos casos em que exista a necessidade de interposição de enxerto , em particular no tratamento das fraturas de sobreuso , as placas oferecem ainda a possibilidade de maior controlo na redução dos topos fraturários e de posicionamento do enxerto . Por outro lado , em modelos cadavéricos as montagens com placa demonstraram ser mais resistentes à fadiga do que as montagens com parafuso endomedular , o que pode significar que este tipo de osteossíntese terá menos percentagem de atrasos de consolidação , pseudartroses ou refraturas in vivo , o que se poderá igualmente traduzir , em atletas , num mais rápido retorno à competição e níveis de desempenho anteriores como se verificou no presente caso .
Os autores negam qualquer conflito de interesses , assim como a originalidade do exto e a sua não publicação prévia .
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