Revista de Medicina Desportiva Novembro 2020 Novembro 2020 | Page 28

Reportagem

Rev . Medicina Desportiva informa , 2020 ; 11 ( 6 ): 26-27 . https :// doi . org / 10.23911 / Encontro _ APO _ 2020 _ nov
O Dia Mundial da Osteoporose foi celebrado no dia 20 de outubro e a Associação Portuguesa de Osteoporose ( APO ) quis participar nas comemorações através da realização de uma conferência , realizada na Casa da Música , no Porto , e que teve o título “ A saúde óssea em tempos de pandemia ”. Este foi já o 7 .º Encontro Científico APO , realizado de modo diferente , sem assistência no local , mas amplamente divulgado e assistido através da via digital .
O Prof . Doutor Pedro Cantista , na qualidade de Presidente da APO , iniciou a cerimónia , apresentou as boas-vindas , agradeceu a presença dos convidados e dos que à distância assistiam . Começou por informar que desde 1994 a APO tem vindo a promover sessões formativas sobre a prevenção e combate à osteoporose e , num gesto de generosidade e de gratidão , recordou individualidades que no passado , e alguns no presente , abraçaram esta missão : Dr . Albino Aroso , Dr . Luís Pereira Leite , Dr . Emílio Peres , Dr . Domingos Araújo , Dr . Jorge Pereira . Abordou de seguida as atividades que tem vindo a desenvolver para depois agradecer às entidades que têm apoiado a APO na prossecução dos seus objetivos : Mimosa , RunPorto , CMEP e Casa da Música .
O Dr . Jaime Milheiro , responsável clínico da CMEP , foi o moderador da sessão , lamentou-se pelos tempos difíceis que se vivem e alertou para a necessidade do cuidado da saúde em geral e , de modo particular , da saúde óssea . Apresentou os quatro convidados , tendo feito uma pequena introdução ao conteúdo da palestra de cada palestrante , realçando a importância de cada tema a apresentar para a saúde individual , nas perspetivas da prevenção da doença e da promoção da saúde .
A Prof . Doutora Carla Rêgo começou por agradecer o privilégio da presença naquele painel de oradores , felicitou a iniciativa , especialmente por promover comportamentos saudáveis . Começou por abordar a prevalência do COVID-9 em idade pediátrica , tendo
apresentado um estudo que envolveu 8 mil crianças , de 26 países ( 131 estudos ). Referiu que a idade média da doença ocorre por volta dos 9 anos , é o adulto que infeta a criança , as viagens para zonas de risco constituem um contexto de infeção , o tempo médio de hospitalização é de 11 dias e o recurso a cuidados intensivos é de 3,3 % dos casos , o que denota a pouca gravidade desta doença na idade pediátrica . A maioria das crianças que justificam internamento tem patologia prévia e os sintomas mais frequentes são semelhantes aos dos adultos ( febre , tosse e também a diarreia ), mas a dor torácica e a hipoxemia são muito raras . A mortalidade na infância quase não existe e na adolescência é de 0,2 %. Referiu que se discute bastante sobre a menor gravidade da doença na criança e referiu que certamente que a caraterística particular da imunidade inata naquelas idades , com particular atenção ao timo , justifica a diferença . De seguida abordou os fatores influenciadores na formação da massa óssea : fatores genéticos , fatores centrais / endócrinos ( paratormona , calcitonina , vitamina D , esteroides sexuais ), fatores
ambientais , subdivididos em fatores alimentares ( dieta em geral e cálcio em particular ) e mecânicos / atividade física ( forças de tensão e força da gravidade ). Referiu que a saúde é também importante , a ausência de doença e a não ingestão de determinados medicamentos contribuem para a formação da massa óssea . Afirmou , suportada em estudos científicos , que toda a idade pediátrica é fundamental para a construção da massa óssea , referindo uma máxima pessoal de que tanto gosta : “ Ou um pediatra fabrica um bom produto ou o médico de adultos já não tem muito a fazer ”. Mas , no entretanto , referiu que o comportamento alimentar e físico , antes e durante a gravidez , é muito importante para a programação biológica neste contexto .
A massa óssea constrói-se desde o segundo trimestre da gravidez até à adolescência , dependendo fundamentalmente da saúde do indivíduo , da alimentação e do exercício físico , sendo que durante a adolescência há um incremento brutal da MO . Entre os 11 e os 18 anos de idade formam- -se dois terços da MO , onde aos 18 anos se atinge 90 % do pico de MO , sendo o pico atingido algures durante a 3 ª década da vida . Os esteroides sexuais são fundamentais e verifica- -se que quanto maior é a maturação maior é o incremento em MO . É durante a adolescência que se deve promover o valor mais elevado de MO , para que depois durante a fase adulta a normal decadência da MO seja atrasada . Em relação aos aspetos nutricionais em idade pediátrica para a formação de MO , referiu as necessidades em cálcio , as quais aumentam da infância para a adolescência , e que os produtos lácteos são a fonte fundamental para o fornecimento de cálcio , embora se possa consumir através de outros alimentos ( animais ou vegetais ), mas a quantidade e a biodisponibilidade são francamente maiores nos produtos lácteos .
O mínimo recomendado para a criança ou adolescente , e de modo prático , é a ingestão , 2 a 3 vezes por dia , de um copo de leite ( 125-150ml ), ou um iogurte ou uma fatia de queijo .
A Prof . Carla Rêgo comentou ainda as dietas alternativas , da moda , que eliminam a ingestão de produtos lácteos , favorecendo a ingestão através
26 novembro 2020 www . revdesportiva . pt