Revista de Medicina Desportiva Novembro 2020 Novembro 2020 | Page 25

são : a rotura do ligamento cruzado anterior ( LCA ), rotura do ligamento colateral medial ( LCM ), contusão cerebral e fratura dos ossos da perna . 4
Ligamento colateral medial
A entorse do ligamento colateral medial é das lesões mais comuns entre esquiadores iniciantes / intermediários . O mecanismo mais comum da lesão é quando o centro de gravidade do esquiador é forçado para a frente e um dos esquis fica preso na neve e desacelera , causando valgo e rotação externa da tíbia ( Figura 1 ). 5 Na generalidade dos desportos é a lesão ligamentar mais comum do joelho , com uma incidência igual a 7,9 % de todos os joelhos . 18 No caso do atleta esquiador surge de um traumatismo indireto ( sem contacto ) em valgo e rotação externa . No entanto , o mecanismo de lesão mais comum é um traumatismo direto ( com contacto ) na face lateral do joelho , que força o joelho em valgo . A lesão associada mais comum é a lesão do LCA , que combinadas formam a lesão multi-ligamentar mais comum do joelho . Também pode estar associada a roturas meniscais , sendo a laceração do menisco medial mais prevalente . A ressonância magnética ( RM ) é útil para o diagnóstico e o tratamento normalmente é conservador , com o uso de uma ortótese articulada .
Figura 1 – Mecanismo valgo-rotação
externa ( https :// radiologykey . com /)
Ligamento cruzado anterior
Nos Estados Unidos da América , cerca de 10 % das lesões totais do LCA são relacionadas com o esqui , o que por sua vez representa 20 % de todas as lesões deste desporto ( Tabela 1 ). Há quatro mecanismos descritos para a lesão do LCA relacionado com o esqui . 19 Um dos mecanismos é em valgo-rotação externa , associado muitas vezes a lesões do LCM .
Figura 2 – Mecanismo valgo-rotação
interna ( https :// radiologykey . com /)
Um mecanismo comum de lesão é quando o esquiador está a fazer uma curva em paralelo , perde pressão no esqui de posição excêntrica e , na tentativa de voltar a ganhar apoio do esqui na neve , faz extensão do joelho . Quando o esqui ganha novo contacto com a neve força o joelho em flexão , valgo e rotação interna ( Figura 2 ). 5 O LCA também pode ser lesionado , principalmente em contexto de competição , quando na aterragem de um salto , a região posterior do esqui contacta primeiro com a neve com o joelho em extensão . Neste caso , o desequilíbrio da gravidade do esquiador para trás , conjugada à força de projeção anterior do esqui com a contração súbita do músculo quadricípite para manter o equilíbrio , causam translação anterior da tíbia que pode causar rutura do LCA ( Figura 3 ). 6 O mecanismo responsável por cerca de 70 % das lesões do LCA em esquiadores é conhecido como o Phantom Boot ( Bota Fantasma ). Há um desequilíbrio ( que pode resultar em queda ) do esquiador para trás concêntrica aos esquis , o que causa flexão extrema do joelho e distribuição do peso gravitacional para o esqui medial . Por sua vez , a rigidez da bota e do esqui atuam como uma alavanca para uma força rotatória interna do joelho ( Figura 4 ). Também pode acontecer a parte anterior do esqui “ encravar ” na neve e o esquiador tropeçar no próprio esqui , produzindo um mecanismo de valgo-rotação interna ( Figura 5 ).
O LCA é um restritor primário à translação anterior da tíbia , um restritor secundário à rotação da tíbia ,
especialmente à rotação interna , e um restritor secundário minor ao valgo-varo com o joelho em extensão completa . O tratamento na população geral é individualizado com base do nível de atividade quotidiana , idade e necessidades físicas . Contudo , para os esquiadores normalmente é necessário o tratamento cirúrgico , uma vez que o esquiador com a rotura de LCA não tratada tem risco acrescido de sofrer uma nova lesão mais grave . 19
Figura 3 – Mecanismo gaveta anterior
( https :// radiologykey . com /)
Figura 4 – Mecanismo valgo-rotação
interna ( https :// www . sitemsh . org /)
Figura 5 – Mecanismo valgo-rotação
interna ( https :// www . sitemsh . org /)
Revista de Medicina Desportiva informa novembro 2020 · 23