utilização . A injeção de alto volume ecoguiada consiste na injeção na interface entre o tendão de Aquiles e a almofada de gordura de Kager subjacente de 30mL a 50mL de soro ou de anestésico , com corticoide , mas este , na experiência dos autores , deve ser evitada .
A proloterapia consiste na injeção de solução hipertónica de glicose com o objetivo de provocar agressão mecânica local e recrutamento de citoquinas e de fatores de crescimento . Num ensaio clínico aleatorizado , realizado por Yelland et al ( 2011 ), o grupo submetido a proloterapia apresentou melhoria mais precoce da dor e da função , mas não houve diferenças significativas aos 12 meses em relação ao grupo que realizou exercício excêntrico no tratamento da TNI . A evidência relativa ao benefício da aplicação do plasma rico em plaquetas ( PRP ) não é consensual e as conclusões das quatro meta-análises consultadas pelos autores não permitiram concluir pela maior eficácia dos PRP em relação à realização do exercício excêntrico . A tenotomia percutânea ultrassónica em pacientes com TI mostrou redução significativa da dor a curto e a longo-prazo , com elevada satisfação dos doentes e reduzida taxa de complicações . A injeção com corticosteroides , apesar de usada no passado de acordo com os autores , não está indicada no tratamento da TTA refratária , não só porque não existe inflamação , como também existe risco de complicações , como sejam a tenotoxidade e a rotura do tendão . Pode , contudo , ser considerada se houver bursite retrocalcaniana concomitante , mas deve ser realizada sob controlo ecográfico e após conversa com o doente . Atualmente , por razões de antidopagem , exige a solicitação à ADoP ( ou outra relevante ) de Autorização de Utilização Terapêutica .
O tratamento cirúrgico pode ser considerado nos casos recalcitrantes , apresentado resultados globalmente positivos . As opções cirúrgicas na TNI incluem a tenotomia longitudinal percutânea , resseção do gastrocnémio , desbridamento do tendão e , em casos graves com fraqueza significativa do músculo flexor plantar , transferência do tendão do flexor longo do hálux . Na TI as opções cirúrgicas incluem a ressecção da deformidade de
Haglund , desbridamento do tendão com reconstrução através de âncoras de sutura ou autoenxerto e bursectomia retrocalcaneana . Esta última opção , e de acordo com um estudo consultado pelos autores , pode ser um tratamento eficaz da TI . Naturalmente que poderão surgir complicações cirúrgicas , como infeção da ferida cirúrgica , atraso de cicatrização , alterações no tecido de cicatrização , dor , lesão do nervo sural , e trombose venosa profunda . O retorno progressivo à atividade desportiva deve ocorrer após reabilitação completa e ausência de dor com desportos de impacto ou gestos funcionais específicos . Referem que 80 % a 90 % dos atletas com TNI regressam às atividades normais sem ou com sintomas ligeiros após um ano . Os autores sublinham a necessidade de se estabelecerem objetivos realistas com os atletas , uma vez que a recuperação poderá ser lenta , com elevada taxa de recorrência . Esta é mais elevada após curtos períodos de recuperação e apresenta um valor muito elevado em futebolistas ( 27 % a 44 %). Assim sendo , é chamada a atenção para a vigilância apertada , com monitorização de eventuais sintomas durante e após a atividade desportiva , concluindo-se que a ausência de sintomas no dia seguinte é um bom sinal de evolução favorável .
Relativamente à prevenção , embora os autores considerem que ainda não existe uma boa estratégia preventiva , podem ser implementados protocolos de fortalecimento da flexão plantar e alongamento do TA em atletas de desportos de impacto , assim como o fortalecimento da cadeia cinética posterior . A otimização da mobilidade das articulações tibiotalar e subtalar está recomendada . Aconselha-se a evicção de fármacos associados a tendinopatia ( fluroquinolonas ). Contudo , são necessários mais estudos para definir melhores programas de prevenção .
Alunos do curso de pós-graduação em Medicina Desportiva da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto ( 2021 / 22 )
1 . Kristian J . von Rickenbach , Haylee Borgstrom , Adam Tenforde , Joanne Borg-Stein , Kelly C . McInnis . Achilles Tendinopathy : Evaluation , Rehabilitation , and Prevention . Current Sports Medicine Reports . 2021 ; 20 ( 6 ): 327-334
Proporção de casos de cancro atribuídos à inatividade física em cada Estado americano , 2013-2016 .
Adair K Minihan , Alpa V Patel , W Dana Flanders et al . Medicine & Science in Sports & Exercise . 2021 Oct 4 . doi : 10.1249 / MSS . 0000000000002801 . Online ahead of print .
Objetivo : calcular a incidência de cancros atribuíveis à inatividade física em adultos com mais de 30 anos de idade , entre 2013 e 2016 , nos estados americanos . Métodos : Em cada Estado , a informação auto-relatada inserida no Behavioral Risk Factor Surveillance System foi ajustada para o sexo , idade e raça . A atividade física ótima ( AFO ) de moderada intensidade foi definida como a prática superior a 5h / sem , o que equivale a mais de 15 METs-hora / semana . Resultados : Quando se verificou a AIO , 3.0 % ( IC 95 % – 2.9 % -3.0 %) de todos os casos de cancro , excluindo-se os cancros da pele não-melanomas , foi atribuído à inatividade física , representando uma média de 46.356 casos atribuíveis por ano . A proporção é maior nas mulheres ( 32.089 ) que nos homens ( 14.277 ). Em relação à localização , 16.9 % dos cancros do estômago , 11.9 % do endométrio , 11.0 % dos rins , 9.3 % do colon , 8.1 % do esófago , 6.5 % cancro da mama na mulher e 3.9 % da bexiga estiveram associados à falta de exercício físico . Conclusão : Os resultados indicam que a promoção da atividade física pode prevenir muitos cancros . Mais de 46 mil poderiam potencialmente ser prevenidos se a população americana cumprisse as 5 horas / semana recomendadas de exercício físico de intensidade moderada . Os autores referem , ainda , que compreendendo e reduzindo as barreiras comportamentais e socioeconómicas à atividade física é essencial para otimizar as estratégias de intervenção dirigidas a grupos de risco . BR
Revista de Medicina Desportiva informa março 2022 · 7