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difícil e muitas vezes é incluído erradamente na tradicional instabilidade lateral do tornozelo . Existem uma série de métodos diagnósticos que podem ser usados para avaliar a estabilidade subtalar 7 ( tabela 1 ).
Alguns investigadores sugeriram um conjunto de cinco critérios clínicos para o diagnóstico de instabilidade subtalar . Os indivíduos com instabilidade subtalar apresentam quatro dos cinco dos seguintes critérios : 1 . entorses recorrentes do tornozelo 2 . dor no seio do tarso 3 . sensação de instabilidade no retropé 4 . instabilidade do retropé no exame físico
5 . instabilidade subtalar radiográfica no teste de stress varo na incidência de Broden ( tilt subtalar > 10 ° ou diferença > 5 ° no tilt subtalar em relação ao contralateral ).
Estas orientações podem ajudar ao diagnóstico em doentes com suspeita de instabilidade subtalar , mas são necessários mais estudos para validar e aumentar a precisão do diagnóstico nos casos de instabilidade subtalar isolada ou combinada com hiperlaxidão ligamentar .
Avaliação clínica
Uma história clínica rigorosa é fundamental para o diagnóstico . A maioria dos doentes reportam uma história de inversão forçada do tornozelo e podem descrever ouvir um pop durante a lesão . Outros descrevem sintomas como instabilidade subjetiva do tornozelo ( giving way ), edema recorrente , rigidez subtalar , dor difusa na região do retropé e agravamento com a atividade desportiva ou
Tabela 1 – Métodos diagnósticos para avaliação de instabilidade subtalar
Método diagnóstico História clínica
Exame físico
Radiografia de stress
Ressonância magnética
Artrografia subtalar
Tomografia computorizada
Ecografia
Artroscopia diagnóstica
Figura 2 – O teste de tilt subtalar para avaliação a laxidão da articulação subtalar . A tíbia e o perónio são estabilizados proximalmente : ( A ) uma força em varo ( seta ) é aplicada enquanto se segura o calcâneo para o teste de inclinação do astrágalo ou ( B ) é aplicada uma força direcionado medialmente ( seta ) enquanto se segura o calcâneo para avaliar o deslizamento subtalar 7 .
caminhar em superfícies irregulares .
Ao nível do exame físico , é importante avaliar o alinhamento dos membros inferiores , verificar se existe deformidade cavo ou plano no pé e , se presentes , se flexíveis ou rígidos , e ainda incluir o teste de Silfverskiold para a contratura dos gastrocnémios . Existem poucos testes manuais para avaliar a articulação subtalar ( figura 2 ) e nenhum que seja fiável e reprodutível para avaliar a instabilidade subtalar ou realmente distinguir entre a instabilidade subtalar e instabilidade lateral do tornozelo . 8
Avaliação imagiológica
Objetivo Mecanismo de lesão , sintomas
Existem várias opções imagiológicas para avaliar a instabilidade subtalar , incluindo radiografias de stress , ressonância magnética , tomografia computadorizada , artrografia e ecografia . No entanto , mais uma vez , nenhuma destas modalidades é boa para distinguir a instabilidade lateral do tornozelo da subtalar . 9
Sinais de lesão ligamentar , alinhamento do membro inferior , teste de stress manual
Avaliação objetiva de laxidão subtalar
Avaliar a integridade dos ligamentos subtalares e estruturas periféricas
Avaliar a integridade dos ligamentos subtalares e estruturas periféricas
Avaliação do retropé e do dano de estruturas ósseas
Avaliar a integridade dos ligamentos subtalares com testes dinâmicos
Nos casos duvidosos ; útil para visualizar ligamentos quando são difíceis de avaliar com ressonância magnética ou ecografia
As radiografias em stress foram usadas durante décadas para avaliar a laxidão ligamentar do tornozelo . No entanto , são consideradas medições pouco fiáveis e com um valor preditivo negativo baixo . 10
A ressonância magnética é o melhor exame para avaliar os ligamentos do tornozelo , quer os ligamentos tibiotalares , quer os ligamentos primários subtalares . Apesar de alguns estudos mostrarem alguma consistência na lesão de determinado ligamento e evolução para um certo tipo de instabilidade 11 , 12 , nenhum ligamento singular foi realmente identificado como causa de instabilidade subtalar , mas antes uma combinações de ligamentos que quando lesados parecem levar a esse tipo de instabilidade . 8
A tomografia computadorizada em carga poderá ter algum lugar no diagnóstico , uma vez que pode detalhar a mobilidade da articulação subtalar e a laxidão ligamentar durante os testes de stress . 13
Na nossa prática clínica usamos o Porto Ankle Testing Device ( PATD ) 14 , um artrómetro que nos permite realizar concomitantemente com a ressonância magnética os testes manuais de gaveta ântero-lateral e inversão do pé ( figura 3 ). Assim , o PATD permite medir com precisão a laxidão ântero-lateral das articulações do tornozelo e subtalar .
Artroscopia diagnóstica
A artroscopia do tornozelo e da articulação subtalar pode ter um papel no diagnóstico da instabilidade subtalar em que a história clínica , exame físico e exames de imagem mantenham dúvidas . 15 Durante a artroscopia do tornozelo conseguimos visualizar ligamentos
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