Revista de Medicina Desportiva Março Março | Page 31

e , adicionalmente , as paratletas femininas pela possível associação descrita na tríade da mulher atleta .
Outro grupo suscetível para as fraturas de fadiga são os doentes com baixa disponibilidade energética , como por exemplo os propulsores de cadeira de rodas , em que há um gasto na deambulação cerca de 9 % superior quando comparado com os não utilizadores de cadeira de rodas . Os atletas com traumatismo crânio encefálico ou com lesão medular com tetraplegia espástica , têm maior dispêndio energético devido à espasticidade .
Num estudo sobre a prevalência de fraturas fadigas , 9,2 % dos paratletas de elite tinham fraturas de stress , sendo que destas 63 % era nos membros inferiores e coluna vertebral e 37 % nos membros superiores . Houve maior prevalência destas lesões ósseas de stress nos atletas invisuais e o desporto com maior incidência foi o atletismo . Não houve diferenças entre géneros . As localizações anatómicas mais frequentes foram os metatarsos ( 22.8 %), punho e mão ( 20 %) e costelas 11.4 %. Relativamente a outras lesões de overuse há ainda a referir a lombalgia crónica em jogadores de voleibol em cadeira de rodas , a tendinopatia do ombro , lombalgia e dorsalgia por síndrome miofascial em nadador paraplégicos e , por fim , a patologia coifa rotadores nos jogadores de basquetebol em cadeira de rodas .
Na última comunicação tivemos o fisioterapeuta Francisco Trovão , da Associação Salvador , que abordou a integração e participação através do desporto adaptado . A Associação Salvador promove a inclusão de pessoas com incapacidades físicas na sociedade e através do desporto melhora a qualidade de vida e fortalece os atletas com incapacidades . Por ano apoiam 350 atletas com deficiência . Nesta apresentação o ft . Francisco Trovão apresentou dados que revelam a baixa adesão ao desporto adaptado , apesar das suas inúmeras vantagens . Por exemplo , um atleta com lesão medular que participe no desporto adaptado tem um resultado sete vezes superior na escala de qualidade vida em relação aos não participantes . Existe também variada evidência científica que indica melhoria da autonomia nestes paratleta ( pela força muscular melhorada ) e redução do score de depressão e ansiedade . A participação no desporto adaptado está positivamente associada com maior empregabilidade e negativamente associada com a obesidade .
Um dos modos de melhorar a adesão à prática de desporto adaptado é durante a realização do programa de reabilitação após lesão , o médico e outros profissionais de saúde devidamente habilitados devem fazer o aconselhamento destes doentes . Este aconselhamento aumenta a probabilidade de posterior participação desportiva e de motivação para a adesão . Existem vários fatores motivadores / facilitadores para a prática de desporto adaptado : melhoria da condição física , melhoria da força muscular , melhoria da saúde global e a criação de contactos sociais . Aqui o treinador também tem um papel importante no aumento da capacidade de trabalho e função , evitando que o atleta permaneça cronicamente underload . Com o desporto criam- -se pessoas mais eficientes . Infelizmente a grande maioria dos doentes pensa que a fisioterapia é o seu desporto e não praticam mais nada .
Outras barreiras identificadas para o desporto adaptado são : as acessibilidades , os custos , o grau de incapacidade , a falta de motivação a falta de oportunidades . O custo é um tema importante se pensarmos que uma bicicleta de mãos poderá custar 3000 euros e uma cadeira de rodas de basquetebol customizada rondará os 6000 euros . Contudo , o objetivo será sempre ultrapassar as dificuldades e seguir o lema improve , adapt and overcome .
The Female Athlete
Dra . Rita Tomás Unidade de Saúde e Performance , Federação Portuguesa de Futebol ; Clínica CUF Alvalade , Hospital CUF Descobertas e Hospital CUF Tejo . Lisboa
Esta sessão contou com a participação da Prof ª Margo Mountjoy da McMaster Universit ( Canadá ), do Prof . Júlio Costa da Portuguese Football School , Federação Portuguesa de Futebol ( FPF ), da Dra . Kathryn Ackerman do
A Sociedade Europeia de Cardiologia publicou as Recomendações de Bolso de 2020 sobre cardiologia desportiva e exercício em doentes com doença cardiovascular . É um pequeno livro de bolso ( 10,5cm X 15cm ), com 64 páginas , onde de modo resumido , mas com enorme objetivo prático , se publicam as recomendações para o exercício com as diversas patologias cardíacas . Estas recomendações indicam a classe de recomendação , de I a III , assim como o nível de evidência , de A a C . A versão portuguesa está disponível e a sua revisão foi realizada pelo Prof . Doutor Hélder Dores e pelo Dr . Jorge Ferreira . A distribuição é feita pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia , no âmbito da colaboração para a formação científica continuada , e tem o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva . Começa-se por definir as características do exercício físico , para depois se classificar o exercício e o desporto . Um capítulo é dedicado às recomendações de exercício em indivíduos com fatores de risco cardiovascular , outro preocupa-se com os idosos , ao qual se segue o dos programas de exercício para tempos livres e participação em desportos de nível competitivo na síndrome coronária crónica . Existem , também , recomendações para as pessoas com insuficiência cardíaca crónica , com patologia valvular , com aortopatia , com arritmias , com miocardiopatias , entre outras patologias . As pessoas com cardiopatia congénita também são consideradas . Trata-se um livrinho muito bem estruturado , de fácil consulta e de aconselhamento muito útil , cuja aquisição e leitura se recomendam .
Revista de Medicina Desportiva informa março 2022 · 29