Revista de Medicina Desportiva Março Março | Page 32

Boston Children ’ s Hospital ( EUA ) e do Prof . Francisco Ayala Rodriguez , da Universidad de Múrcia ( Espanha ). A moderação esteve a cargo das Dras . Diana Santos-Ferreira , do Sport Lisboa e Benfica e Rita Tomás .
A Prof ª Margo Mountjoy falou sobre Mental Health in the Female Athlete . Os atletas têm uma prevalência de doença mental igual à da população em geral , no entanto com maior prevalência de perturbações do comportamento alimentar ( PCA ). Em 2019 o Comité Olímpico Internacional ( COI ) publicou o Mental health in elite athletes : International Olympic Committee consensus statement . Este documento abordou a prevalência de doença mental em atletas e como deve ser feita a abordagem clínica nestas situações . O COI iniciou uma campanha chamada # MentallyFit , a qual sensibiliza os atletas para a importância de saúde mental e oferece recursos online . Adicionalmente , lançou em 2021 duas ferramentas , o Sport Mental Health Assessment Tool ( SMHAT ) e o Sport Mental Health Recognition Tool 1 ( SMHRT ) que se destinam a profissionais de saúde e atletas / comitiva , respetivamente , e permite reconhecer de forma mais precoce sintomas de doença mental e encaminhar o atleta para cuidados diferenciados . O médico de equipa tem a responsabilidade reconhecer os sinais e sintomas de alarme , questionar o atleta sobre a sua saúde mental e facilitar o encaminhamento do atleta para ajuda especializada quando necessário .
O Prof . Júlio Costa falou do tema Sleep in the Female Athlete . O sono é considerado por atletas e treinadores como uma das estratégias mais importante para a recuperação fisiológica e psicológica após treino ou competição , mas frequentemente os atletas dormem menos do que o recomendado . Um adulto deve dormir cerca de 7 a 11 horas por noite e dormir menos de 7 horas está associado ao aumento do risco de lesão . As mulheres , em geral , necessitam de maior duração de sono . Uma possível explicação para esta maior necessidade pode ser a maior prevalência de ansiedade e de depressão , em comparação com o sexo masculino . No ciclo menstrual as oscilações hormonais fazem variar as necessidades de sono . A fase da menstruação está associada a mais tempo na cama e em sono profundo . Na fase folicular a eficiência do sono parece estar reduzida e o tempo passado em sono profundo aumenta , em comparação com a fase lútea . O horário dos treinos ( mais à noite ) e jogos fora de casa podem influenciar a duração do sono em mulheres futebolistas semiprofissionais , segundo trabalhos recentemente publicados . No entanto os estudos publicados sobre sono em mulheres atletas são limitados e com amostras pequenas e sem avaliação do ciclo menstrual .
A Dra . Kathryn Ackerman falou sobre Low energy availability in the female athlete : are we doing better ? Nos anos 90 foi introduzido o conceito de Tríade da Mulher Atleta , que designava atletas que tinham PCA , que não ingeriam calorias suficientes para o seu dispêndio energético e tinham alterações menstruais ( amenorreia ) e do metabolismo ósseo ( osteoporose ). Houve um desenvolvimento deste conceito e em 2014 foi introduzido pelo COI a terminologia Relative Energy Deficiency in Sports ( RED-S ). Para além do impacto na saúde mental e função menstrual , foi reconhecido o efeito desta restrição de energia no sistema endócrino , metabólico , hematológico , psicológico , cardiovascular , gastrointestinal , imunológico e ao nível do crescimento . O RED-S tem um efeito negativo no desempenho desportivo e aumenta o risco de lesão . Este défice relativo de energia pode ocorrer em atletas do sexo feminino ou masculino . A disponibilidade energética ( ingestão calórica – dispêndio calórico ) deve ser no mínimo 30kcal / kg por massa isenta de gordura / dia , mas idealmente 45 kcal . As PCA são mais comuns em atletas em comparação com a população em geral , sobretudo nas atletas do sexo feminino e em desportos estéticos , podendo a prevalência chegar mais a de 60 % em algumas amostras . O diagnóstico do RED-S é clínico , mas pode ser complementado com exames laboratoriais e com avaliação da composição corporal . O tratamento deve ser feito com uma equipa multidisciplinar e consiste em melhorar a dieta , o treino e a saúde mental dos atletas . O tratamento farmacológico está reservado para casos particulares . O Relative Energy Deficiency in Sport ( RED-S ) Clinical Assessment Tool ( CAT ) pode ajudar a decidir se o / a atleta pode continuar a treinar / competir ou quando está apto / a a regressar .
O Prof . Francisco Ayala Rodriguez falou de Injury profile in women ’ s football . O número de atletas do sexo feminino a praticar futebol aumentou de forma exponencial na última década . É importante desenvolver estratégias de redução do risco de lesão para que a prática desportiva seja mais segura . No entanto , é primeiro necessário conhecer o perfil lesional na mulher futebolista para que se desenvolvam programa de prevenção para as lesões mais comuns e mais graves . Foram recentemente publicadas duas revisões sistemáticas e meta análises sobre epidemiologia de lesões em jogadoras de futebol . A incidência de lesões foi de 6,1 lesões para cada 1000 horas de exposição ( 19,2 em jogo e 3,5 em treino ) em atletas adultas . A incidência de lesão em jogadoras de futebol de formação foi similar . O membro inferior foi a zona mais frequentemente afetada e as lesões musculares foram o tipo de lesão mais comum . Em média , uma equipa de 20 jogadoras irá sofrer 2 a 3 lesões graves ( mais de 28 dias de ausência ) durante uma época . Nas ligas mais competitivas a incidência de lesões foi maior ( 19,3 vs . 10,7 lesões por 1000h ), assim como em competições internacionais ( entre Seleções Nacionais ) em comparação com ligas domésticas .
Philipp Lacour , et al . Magnetic field-induced interactions between phones containing magnets and cardiovascular implantable electronic devices : Flip it to be safe ? Heart Rhythm . 2022 Mar ; 19 ( 3 ): 372-380 . doi : 10.1016 / j . hrthm . 2021.11.010 .
Conclusão ( transcrição ): As interações do campo magnético ocorrem apenas na proximidade e com alinhamento preciso do iPhone 12 com os CIED . É importante aconselhar os pacientes a não colocarem o iPhone 12 diretamente na pele em cima do CIED . Não são necessárias outras recomendações .
30 março 2022 www . revdesportiva . pt