Revista de Medicina Desportiva Março 2021 Março, 2021 | Page 40

Teste do ângulo poplíteo c )
( CCA ), entre 45-90 ° de flexão do joelho , e em cadeia cinética fechada ( CCF ) entre 20-50 ° de flexão do joelho porque é nestas posições que há menor pressão PF . A combinação de exercícios em CCA e CCF permite trabalhar cartilagem e o músculo em toda a amplitude . Esta abordagem é especialmente importante para a cartilagem , pois se apenas se realizarem exercícios em CCF até aos 50 ° de flexão não haverá estimulação de toda a cartilagem ( a cartilagem precisa de ciclos de pressão e de libertação de pressão para receber os nutrientes do líquido sinovial ). A ausência de flexão profunda do joelho inicia o processo degenerativo da cartilagem .
O exercício deve ser sempre o mais funcional possível , isto é , específico para o gesto desportivo . Convém realçar que os exercícios do membro inferior em CCA não são fisiológicos , porque a força e área de contacto evoluem no sentido contrário , enquanto o movimento em CCF é fisiológico .
O músculo quadricípite absorve o impacto na receção ao solo através da contração excêntrica , pelo que quanto melhor o controlo excêntrico do movimento , melhor será a absorção do impacto e menos stress será aplicado na articulação patelofemoral . No músculo quadricípite a contribuição do músculo vasto medial é a mais importante e deve haver muita atenção em relação ao seu volume e tonicidade , pois ele é o primeiro músculo a atrofiar e é o último a recuperar o volume e a força . A área de secção transversa é significativamente menor no músculo vasto medial ( e quadricípite ) em indivíduos com dor patelofemoral quando comparados com controlos . No entanto , a única forma de isolar a
contração seletiva do músculo vasto medial é através da estimulação elétrica neuromuscular , pelo que , e sempre que possível , ela deverá ser realizada .
A correção biomecânica é também fundamental no tratamento do SPF , uma vez que também está provado que existe maior inclinação do tronco , queda contralateral da pelve , adução da anca e valgo do joelho nos indivíduos com dor patelofemoral , assim como menor flexão do joelho e maior valgo na recepção ao solo .
O taping é geralmente usado para facilitar a translação medial da rótula , mas há várias abordagens diferentes . Quando bem aplicado poderá conferir alívio na fase aguda .
A reeducação da marcha / corrida terá que necessariamente ser feita quando necessária : aumento do comprimento da passada , menor impacto no contacto ao solo e correção da não pronação do retro pé .
A massagem , as técnicas cinesiológicas , o dry needling , as técnicas manuais para pontos gatilho , os agentes físicos , como o TENS , ultrassom , onda curta , magnetoterapia , laser , crioterapia , calor ou fármacos são outros possíveis tratamentos adjuvantes no tratamento analgésico .
Por fim , a educação do atleta é essencial , sobretudo nos adolescentes . Informa-se o atleta sobre o modo de gerir o grau de atividade e como realizar incrementos de exercício físico em contexto de dor , sem parar completamente a atividade .
O encaminhamento para cirurgia deverá ser feito na ausência de alívio após 4-6 meses de tratamento conservador e , sobretudo , se houver identificação de fatores predisponentes anatómicos anómalos
( ângulo Q anormal , distância entre o tubérculo tibial e o sulco troclear aumentada , retináculo lateral encurtado , lesões de cartilagem , instabilidade lateral da rótula , compressão lateral da rótula ).
Conclusão
A história clínica cuidadosa , com o exame físico correto para avaliação da cadeia cinética do membro inferior e fatores predisponentes proximais e distais ao joelho , complementada , se necessário , pelos exames de imagem , são essenciais para o diagnóstico definitivo e planeamento do tratamento mais adequado . O tratamento conservador é o adequado na grande maioria dos casos , com resolução dos sintomas , mas uma pequena percentagem de doentes necessitará de tratamento cirúrgico .
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38 março 2021 www . revdesportiva . pt