Revista de Medicina Desportiva Março 2021 Março, 2021 | Page 38

Rev . Medicina Desportiva informa , 2021 ; 12 ( 2 ): 36-38 . https :// doi . org / 10.23911 / SPMD _ 2021 _ mar
Webinar – Síndrome patelofemoral no desportista : da prevenção à reabilitação
Dra . Susana Santos Especialista em Medicina Física e de Reabilitação . Clínica CUF Alvalade , Lisboa . Clínica Abrisaude , Alenquer
Resumo
Este webinar realizou-se no dia 2 de Dezembro 2020 com a moderação do Drs . Joaquim Cardoso e Susana Santos
e com as apresentações dos Drs . Filipe Quintas , José Mónico , Isabel Crespo e Luís Lima .
A síndrome patelofemoral ( SPF ) é uma das queixas mais frequentes de dor no joelho nos indivíduos entre os 10 e os 50 anos de idade , apresentando elevado índice de recorrência e persistência . É um diagnóstico comum na prática clínica e inclui todas as dores peri-patelares ou retro-patelares na ausência de outras patologias identificáveis . A história clínica e o exame físico estabelecem o diagnóstico , havendo sempre a necessidade da exclusão de outras condições clínicas que mimetizem esta síndrome .
A SFP encontra-se mais comumente em jovens atletas do género feminino e em modalidades que envolvam o saltar e o correr . Esta síndrome chega a alcançar a prevalência de 16,3 % em adolescentes do género masculino e de 28,9 % no género feminino . A elevada prevalência está associada a importante impacto económico ( custos diretos de serviços de saúde e indiretos do absentismo do exercício ).
A SPF continua a ser uma entidade controversa , com múltiplas causas predisponentes , apresentação clínica variável e vários métodos de tratamento possíveis . Sabe-se que a carga superior à habitual na articulação patelofemoral ( PF ) inicia ou agrava a dor e a disfunção , existindo vários fatores que influenciam a magnitude e a distribuição dessa mesma carga articular . Estes fatores podem ser divididos em extrínsecos ( trauma repetitivo ou agudo ) ou intrínsecos ( anatómicos / biomecânicos ). A influência real exercida de cada um destes fatores não é exatamente percebida . Dos fatores intrínsecos referem-se
• displasia troclear
• posição ( altura ) da patela
• posição da tuberosidade anterior da tíbia
• relação entre a tróclea e a patela
• reduzida flexibilidade do retináculo patelar e da banda iliotibial
• controlo neuromuscular insuficiente dos componentes mediais e laterais do músculo vasto . O aumento da anteversão femoral ou da rotação interna da anca ( possível insuficiência dos músculos abdutores )
• aumento da adução da anca
• aumento do momento valgo do joelho / rotação externa tibial
• pronação excessiva do pé
• mau controlo pélvico e do tronco
• fraqueza muscular dos músculos da anca
• reduzida flexibilidade dos músculos gémeos e solear A avaliação da interação de todas estas estruturas anatómicas durante o movimento de flexão-extensão deve ser realizada .
Exame objetivo
A dor da síndrome patelofemoral é descrita como desconforto anterior , de início gradual , mas pode ser aguda , e pode ocorrer nos dois joelhos . É uma dor geralmente mal localizada , por baixo ou à volta da rótula . Pode haver perceção de instabilidade decorrente da inibição reflexa do músculo quadricípite causada pela dor . Pode ser acompanhada de crepitação articular e é agravada com o subir e descer de escadas e na aquisição de posição ortostática após sedestação prolongada .
No exame objetivo , os fatores predisponentes devem ser considerados , como o excesso ponderal , a atrofia do músculo vasto medial oblíquo , as deformidades rotacionais e angulares do membro inferior , a avaliação da anca ipsilateral , da dismetria dos
36 março 2021 www . revdesportiva . pt