Revista de Medicina Desportiva Março 2021 Março, 2021 | Page 32

de bactérias responsáveis pela transformação das fibras alimentares em oligossacáridos ( figura 3 ). Este é o processo que ocorre habitualmente , mas quando baixa a quantidade de lactobacilos e de bifidobactérias muito provavelmente a digestão é desviada para a produção de gases ( hidrogénio e metano ), o que significa que não há produção de ácidos gordos de cadeia curta ( AGCC ) a partir das fibras , com impacto no osso , pois os AGCC são responsáveis pela acidificação do meio ambiente , logo pela maior capacidade de absorção do cálcio , por exemplo , e esta libertação de gás está ligada à sintomatologia referida pelas pessoas , as quais deixam de comer as fontes de glúten e os laticínios . Neste momento da apresentação a Professora Conceição Calhau quis deixar uma importante mensagem : as pessoas preocupam-se em tratar os sintomas , isto é , deixar de comer o que está a fermentar , o que significa deixar de comer fibras e a potenciar ainda mais o desvio metabólico , com diminuição progressiva dos lactobacilos e de bífidobactérias . Importa , assim , fazer o diagnóstico correto e implementar o tratamento da causa da sintomatologia , pois na maioria das vezes o que se verifica é o tratamento paliativo através de retirada de alimentos necessários para o bom funcionamento intestinal .
Nesta comunicação foi a apresentada a metanobrevibactéria , que
não é uma bactéria , mas apenas bacteria-like , a responsável pela produção de metano ( figura 4 ). De um modo geral , há pessoas que em todo este processo produzem mais hidrogénio ou mais metano , os obesos produzem mais metano , o qual é mais nefasto para o osso . Referiu que o diagnóstico é relativamente fácil de ser realizado através do teste respiratório de intolerância aos hidratos de carbono , no qual se ingere glicose e depois realizam- -se medições seriadas do metano e hidrogénio exalados . O diagnóstico poderá ser de grande crescimento bacteriano , que está associado a osteoporose , cujo tratamento implica a prescrição de antibiótico , associado ao probiótico , com o objetivo da destruição do excesso microbiano e de repor a microbiota intestinal normal de lactobacilos e de bifidobactérias .
Os fatores que influenciam a microbiota intestinal estão indicados na figura 5 . Começou por referir a influência do tipo de nascimento , se por cesariana ( sem rotura de membranas e sem contacto com a microbiota vaginal da mãe ) ou se por via vaginal , havendo neste caso o contacto com a microbiota vaginal da mãe . O bebé que nasce por cesariana terá maior risco de infeção por Klebsiella , de Clostridium difficille e de Estafilococos , terá um perfil bacteriano semelhante ao da pele da mãe . A ausência de leite materno
é outro fator de risco , assim como outros fatores que se fazem sentir ao longo da vida , como a falta de exercício físico , a alimentação , o stress e os medicamentos , dos quais destacou , para além dos antibióticos , os inibidores da bomba de protões ( antiácidos ), os quais levarão à oralização da microbiota intestinal por diminuição da barreira ácida gástrica , o que leva ao supercrescimento da microbiota intestinal .
A cronobiologia é também importante para a composição da microbiota intestinal . A hora a que se realizam as refeições , o não respeito pelo ciclo dia-noite têm também impacto em termos hormonais e nesta microbiótica .
A disbisose é um desequilíbrio da microbiota intestinal . Na figura 6 apresentam-se o tipo saudável ( tipo S ) e os três tipos relacionados com a doença :
• Tipo A – muitas bactérias patogénicas ( representado na coluna a vermelho )
Figura 3 – A degradação dos polissacarídeos 4
Figura 2 – Atividade metabólica da microbiótica 3 Figura 4 – A metanobrevibactéria 4
30 março 2021 www . revdesportiva . pt