Revista de Medicina Desportiva Março 2021 Março, 2021 | Page 20

Dos atletas com lesões prévias , 60 % eram do género feminino . Cerca de 93,8 % dos lesionados necessitaram de assistência médica . Dos inquiridos , 45 % já tinha sofrido de epicondilalgia , tendo apenas 33 % destes o diagnóstico de TLC . A maioria dos atletas com epicondilalgia ou diagnóstico de TLC retomou imediatamente a atividade desportiva , tendo 22 % necessidade de faltar ao treino ou ao trabalho para recuperação .
Não existiram associações entre o Autorrelato de lesão e as diferentes categorias de prática desportiva
( p = 0,873 ) e a idade após estratificação por grupos ( adulto jovem 18-29 anos e adulto 30-60 anos ; p = 0,182 ). Não foram também encontradas associações entre a ocorrência de lesão e o tempo de treino semanal ( p = 0,673 ) e o tempo de prática desportiva ( p = 0,495 ).
Não foram encontradas diferenças significativas entre o rácio de força extensores / flexores do punho do braço dominante e não dominante ( p = 0,177 ), nem encontrada associação entre o rácio de força extensores / flexores do punho do
Tabela 1 – Dados demográficos , antropométricos e sobre a prática desportiva
Dados demográficos
Percentagem ( n ) / Média (± DP ) / Mediana ( IIQ )
Género Feminino Masculino Total Número 55 % ( n = 22 ) 45 % ( n = 18 ) 100 % ( n = 40 ) Idade 35,4 33,6 34,6 Dados antropométricos Altura 1,66 (± 0,057 ) 1,76 (± 0,065 ) 1,71 Peso 60,91 (± 6,07 ) 74,28 (± 7,96 ) 66,93 IMC 21,99 (± 1,93 ) 23,87 (± 1,80 ) 22,37 Dados da prática desportiva Lateralidade Dextra 47,5 % ( n = 19 ) 42,5 % ( n = 17 ) 90 % ( n = 36 ) Esquerda 7,5 % ( n = 3 ) 2,5 % ( n = 1 ) 10 % ( n = 4 )
Categoria M1 / F1 5 % ( n = 2 ) 0 % ( n = 0 ) 5 % ( n = 2 ) M2 / F2 7,5 % ( n = 3 ) 7,5 % ( n = 3 ) 15 % ( n = 6 ) M3 / F3 5 % ( n = 2 ) 25 % ( n = 10 ) 30 % ( n = 12 ) M4 / F4 27,5 % ( n = 11 ) 22,5 % ( n = 9 ) 50 % ( n = 20 ) Tempo médio treino / semana ( horas ) 3,00 (± 1,6 ) 4,25 (± 4,3 ) 3,62 Tempo médio de experiência ( meses ) 15 (± 16,5 ) 12 (± 18,5 ) 13,5
Tabela 2 – Dados sobre lesão musculosquelética , necessidade de assistência e absentismo Lesão musculosquelética Percentagem ( n ) Género Feminino Masculino Total Autorrelato de lesão prévia 25 % ( n = 10 ) 15 % ( n = 6 ) 40 % ( n = 16 ) Localização da lesão Ráquis 6,25 % ( n = 1 ) 6,25 % ( n = 1 ) 12,5 % ( n = 2 ) Ombro 25 % ( n = 4 ) 0 % ( n = 0 ) 25 % ( n = 4 ) Cotovelo 18,75 % ( n = 3 ) 18,75 % ( n = 3 ) 37,5 % ( n = 6 ) Punho 12,5 % ( n = 2 ) 0 % ( n = 0 ) 12,5 % ( n = 2 ) Joelho 0 % ( n = 0 ) 0 % ( n = 0 ) 0 % ( n = 0 ) Tornozelo 6,25 % ( n = 1 ) 12,5 % ( n = 2 ) 18,75 % ( n = 3 ) Outras 12,5 % ( n = 2 ) 12,5 % ( n = 2 ) 25 % ( n = 4 )
Necessidade de assistência médica nos lesionados
56,3 % ( n = 9 ) 37,5 % ( n = 6 ) 93,8 % ( n = 15 )
Autorrelato de epicondilalgia na amostra 27,5 % ( n = 11 ) 17,5 % ( n = 7 ) 45 % ( n = 18 )
Autorrelato de “ epicondilite ” em atletas com epicondilalgia
Necessidade de assistência médica por lesão do cotovelo
Absentismo por epicondilalgia e / ou lesão do cotovelo
18,75 % ( n = 3 ) 18,75 % ( n = 3 ) 33 % ( n = 6 )
33,3 % ( n = 2 ) 50 % ( n = 3 ) 83,3 % ( n = 5 )
11 % ( n = 2 ) 11 % ( n = 2 ) 22 %( n = 4 ) braço dominante e as queixas de epicondilalgia ( p = 0,744 ) ou epicondilite ( p = 0,705 ). Não existiu associação entre o género e o Autorrelato de lesão prévia ( p = 0,436 ).
Discussão
A incidência de lesão musculosquelética foi inferior à reportada noutros estudos 2 , 4 , o que pode decorrer de a amostra incluir jogadores com maior experiência . A ausência de diferença significativa entre categorias de prática desportiva em relação à ocorrência lesão pode atribuir-se ao número diminuto de atletas em algumas categorias . Por outro lado , o facto de os questionários terem sido aplicados durante uma competição pode ter impedido a inclusão de atletas em absentismo por lesão recente .
A distribuição por localização de lesão na amostra também é discordante com os estudos prévios . 1 , 2 De facto , apesar de o cotovelo ser a localização mais afectada , nesta amostra as lesões do ombro e do tornozelo seguem-se em ordem de frequência relativa . 2 , 4 Apesar de estar descrita menor incidência de lesão do ombro em relação ao ténis devido ao serviço ser realizado por baixo , a frequência de lesão nesta articulação na amostra é próxima da encontrada em jogadores de ténis . Durante um jogo de Padel são realizadas muitas pancadas acima dos 90 ° de abdução do ombro , o que pode predispor a maior desgaste dos tendões da coifa dos rotadores . De notar também que todas as lesões do ombro ocorreram em atletas do género feminino . Estes dados podem sugerir que existe uma distribuição diferente do padrão de lesão entre praticantes amadores e praticantes a nível competitivo . No entanto , o reduzido tamanho e heterogeneidade da amostra não permitem fazer generalizações , sendo necessários mais estudos .
A frequência de lesão do cotovelo ( 37,5 %) é semelhante à reportada no estudo de Castillo-Lozano para um grupo com idade entre os 55 e os 65 anos . 4 A frequência de epicondilalgia nesta amostra é semelhante à descrita em jogadores de ténis a nível recreacional 2 , 5 e muito superior à frequência de lesão efetiva . O diagnóstico formal de TLC é feito em
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