Revista de Medicina Desportiva Maio | Page 15

uma lesão focal desmielinizante , com consequente divisão das células de Schwann e início do processo de remielinização . A condução nervosa é , geralmente , restabelecida em alguns meses , apesar de se verificar diminuição da espessura da bainha de mielina formada . 13
A literatura publicada sobre neuropatias do nervo peronial comum com causa não traumática em atletas é reduzida , traduzindo-se essencialmente na descrição de casos clínicos . Deste modo , a comparação do caso clínico descrito com os publicados previamente na literatura torna- -se difícil , quer pela heterogeneidade da população , quer pelos diferentes mecanismos e gravidade destas lesões . Ainda assim , importa salientar alguns casos com características semelhantes , causados frequentemente por ações aparentemente inócuas e que demonstram o grande impacto funcional desta patologia na carreira dos atletas . Watemberg et al 14 descreveram o caso de um surfista de 17 anos de idade com um quadro de pé pendente de cerca de 10 semanas de evolução . Esta patologia foi interpretada no contexto de microtrauma de repetição do nervo peronial comum ao nível da cabeça do perónio com o movimento de flexão do joelho necessário à prática de surf e exacerbado por uma história de perda ponderal recente de 10kg . Importa destacar que se verificaram alterações eletromiográficas compatíveis com neuropraxia até aos quatro meses . Collins et al 15 descreveram o caso de um jogador de basquetebol de 26 anos de idade com um quadro de pé pendente após a aplicação de gelo circunferencialmente na região do joelho ( duas aplicações de 1 hora ) no contexto de uma lesão dos músculos isquiotibiais . O eletromiograma foi compatível com axonotmese e a recuperação de cerca de quatro meses .
No que diz respeito ao tratamento , na maioria dos casos opta-se , inicialmente , por tratamento conservador com a realização de fisioterapia , referenciando-se para eventual tratamento cirúrgico os casos com persistência de sintomas após três a seis meses . As opções cirúrgicas são variadas , englobando a neurólise , sutura ou aplicação de enxerto de nervo , com as primeiras duas opções
a apresentarem melhores resultados . 16 Existem ainda outras opções terapêuticas em estudo , como é o caso da infiltração intraneural de plasma rico em fatores de crescimento . 17
Por fim , relativamente ao retorno à prática desportiva , e à semelhança de muitas outras patologias , não existem critérios bem estabelecidos . Um regresso à prática desportiva demasiado precoce , em que ainda exista um défice de controlo neuromuscular ou de coordenação , aumenta a probabilidade de nova lesão . Como tal , esta deve ser uma decisão tomada em equipa e em conjunto com o atleta , baseada na sua sensação subjetiva de aptidão e em parâmetros objetivos , como as amplitudes articulares , testes de força muscular e de coordenação .
Conclusão
A neuropraxia do nervo peronial comum é uma patologia rara , com um prognóstico relativamente benigno , mas com grande impacto funcional num atleta . Este caso clínico pretende destacar a etiologia de compressão desta estrutura após um posicionamento de cruzar de pernas relativamente curto num doente com perda ponderal significativa recente . Além disso , salienta também o papel essencial da aplicação de agentes físicos e cinesiterapia que permitiram ao doente uma recuperação relativamente rápida do quadro inicial e da prescrição de produtos de apoio que o auxiliaram na funcionalidade do dia-a-dia .
Os autores declaram ausência de conflito de interesses , assim como a originalidade do manuscrito e a sua não publicação prévia .
Correspondência Frederico Moeda – fredericofmoeda @ gmail . com
Bibliografia
1 . Aprile , I ., Caliandro , P ., La Torre , G ., Tonali , P ., Foschini , M ., Mondelli , M ., et al . Multicenter study of peroneal mononeuropathy : clinical , neurophysiologic , and quality of life assessment . J Peripher Nerv Syst . 2005 ; 10:259-268 .
Restante Bibliografia em : www . revdesportiva . pt ( A Revista Online )

Nevo ou Melanoma ?

Aprenda a identificar através do método ABCDE
Geralmente , os sinais do nosso corpo ( nevos ) têm uma aparência semelhante : a mesma forma , as mesmas cores , dimensão aproximada …. A aparência de uma lesão pigmentada deve ser considerada suspeita caso seja diferente das outras : conhecido como a regra do « patinho feio ».
ORGANIZAÇÃO :
NEVOS
A
assimetria simétrico assimétrico
B
bordo regular irregular
C
cor única múltipla
D
dimensão
≤ 5 mm > 5 mm
E
evolução
alteração recente de aspecto
SUPORTE CIENTÍFICO :
MELANOMA
O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento dos Cancros da Pele . Por isso a realização do autoexame é apontada como uma das principais medidas que podem levar a uma deteção atempada . Fique atento aos sinais de Cancro da Pele . Se encontrar na sua pele algum sinal ou mancha suspeitos , não perca tempo . Consulte imediatamente o seu dermatologista .
Autoexame da pele
O QUE VAI PRECISAR : Um espelho de corpo inteiro , um espelho de mão , um local bem iluminado , uma máquina fotográfica ( idealmente o seu telefone móvel ). Peça ajuda a um familiar . COMO FAZER : Faça fotos de grande plano do tronco , membros , face e , eventualmente , de áreas específicas onde existe uma maior quantidade de sinais ( nevos ) e das áreas onde teve antecedentes de queimaduras solares . Examine as diferentes partes do corpo , conforme o esquema abaixo , com intervalos de 1 a 2 meses , segundo as recomendações europeias : www . euromelanoma . org / Portugal
Examine o seu rosto , incluindo o nariz , lábios , boca e orelhas ( à frente e atrás ).
Dobre o cotovelo para examinar o braço e as axilas .
Examine o seu couro cabeludo , usando um pente para separar o cabelo em madeixas . Se tem pouco cabelo , deve examinar todo o couro cabeludo muito cuidadosamente .
Use o espelho de mão para examinar a parte posterior do pescoço , os ombros e as costas .
Dê atenção agora ao pescoço , peito e tronco . As mulheres não devem deixar de examinar bem o espaço entre os seios e por debaixo dos mesmos .
Examine as nádegas , os genitais e a parte de trás das pernas . Por fim , examine a planta dos pés e o espaço entre os dedos .
E NÃO SE ESQUEÇA !!... Todos nós temos “ sinais ” e a maioria dos sinais não têm risco . MAS se surgir uma ferida que não cicatriza , um sinal que se está a modificar mais do que os outros ou um sinal novo diferente dos outros consulte o seu médico e se necessário o seu dermatologista .
FAUTOEXAM _ FEV2020
Revista de Medicina Desportiva informa maio 2022 · 13