Revista de Medicina Desportiva Maio | Page 14

o início dos tratamentos e após oito semanas apresentava-se com força muscular grau 4 dos músculos dorsiflexores e eversores do pé direito e sem alterações da sensibilidade no membro inferior homolateral .
Figura 2 – ortótese do tipo foot up .
Discussão
ao nível da cabeça do perónio pela sua superficialidade 2 , uma vez que apenas está revestido a este nível por pele e tecido celular subcutâneo . A perda ponderal recente 3 e alguns posicionamentos mantidos durante tempo prolongado , como o agachamento ou cruzar de pernas 4 , assumem também particular relevância como coadjuvantes neste tipo de lesões . Para além desta etiologia , destacam-se o trauma , muito comum em jogadores de hóquei , futebol e futebol americano ( com o prognóstico mais reservado ) 5-7 , as polineuropatias , como a diabetes mellitus 8 , a iatrogenia , nomeadamente após artroplastia do joelho e da anca 9 , 10 e algumas infeções ( quadro 1 ). 11
Do ponto de vista clínico , a lesão do nervo peronial comum pode manifestar-se por parésia dos
músculos dorsiflexores e eversores dos pés , alterações da sensibilidade dos dois terços distais da face externa das pernas , face dorsal e 1 º espaço interdigital dos pés .
Nestes casos , o eletromiograma assume particular importância no estudo da gravidade e localização da lesão .
O prognóstico da neuropatia do nervo peroneal comum depende essencialmente da etiologia e da gravidade da lesão nervosa , podendo variar desde lesões relativamente benignas até lesões irreversíveis , consoante se trate de uma neuropraxia , axonotmese ou neurotmese ( quadro 2 ). 12 A regeneração nervosa é um processo biológico bastante complexo , no qual intervêm vários mediadores . No caso da neuropraxia , como no caso clínico descrito , existe
Do ponto de vista neurológico , o pé pendente pode ser causado por uma alteração em qualquer elemento da via motora que culmina na dorsiflexão do pé , desde alterações a nível central ( córtex motor , cápsula interna e corno ventral da medula ) ou a nível periférico ( nervos espinhais L4 , L5 , S1 e S2 , plexo lombosagrado , nervo ciático , nervo peronial comum e nervo peronial profundo ).
No contexto deste caso clínico , este atleta apresentava pé pendente causado por uma lesão do nervo peroneal comum . A causa mais comum destas lesões nervosas é a etiologia compressiva , mais especificamente
Quadro 1 – Causas de neuropatia peroneal
Quadro 2 – Classificação de lesão nervosa segundo Seddon e Sunderland
12 maio 2022 www . revdesportiva . pt