e , ao mesmo tempo , apresentar algumas perspetivas e soluções futuras , nomeadamente para minorar as suas complicações clínicas e o impacto a longo prazo noutras dimensões associadas ao desporto .
E-Sports Medicine
Dr . Alexandre Rebelo-Marques Faculdade de Medicina , Universidade de Coimbra
A quarta e última sessão do Sports Medicine Summit 2021 abordou um tema bastante atual , intitulado de E-SPORTS MEDICINE , tendo sido moderado pela Dra . Ana Monteiro Pereira e pelo Dr . Alexandre Rebelo- -Marques . Na primeira palestra , a psicóloga Catarina Cardoso ( sAw , equipa portuguesa de Counter Strike ) abordou o papel da saúde mental no mundo dos jogos virtuais . Num mundo cada vez mais competitivo e exigente , onde o mundo dos jogos on-line é agora uma opção para alguns jogadores , a psicóloga procurou abordar essencialmente a saúde mental , a promoção de bons hábitos e a prevenção da doença – que ainda hoje é um tabu , tal como acompanhamos nos últimos Jogos Olímpicos . Ficou clara a necessidade de uma abordagem multidisciplinar , bem articulada entre treinadores e equipa médica / saúde e com total compromisso dos atletas . Numa perspetiva de prevenção de doença , cada atleta acaba por ser o seu próprio inimigo e , por isso , o trabalho individualizado e em várias dimensões para lidar com frustrações e sentimentos é essencial .
O Dr . Emiliano Ventura , o segundo palestrante , explanou a sua experiência no SIM Racing e a preparação física e a performance . Além do trabalho mental necessário , também a preparação física e a regulação dos ritmos circadianos são essenciais para a ótima performance . O papel do sistema nervoso autónomo , o impacto da luz azul e os diferentes fusos horários devido ao exigente calendário dos jogos virtuais foram também discutidos . Ficou claro que existe muita ciência e a necessidade de muitas métricas para a tomada de decisão numa equipa profissional . A terceira palestrante foi a Dra . Melita Moore , médica de uma equipa de NBA2k . A sua palestra debruçou-se sobre a sua experiência nos últimos anos num mundo dos e-sports . Desce cedo se percebeu que este é um tema recente . Na palestra , Melita confessa que iniciou este seu papel em 2019 , e partilha todas as suas dúvidas e receios desse mesmo momento . Desde cedo percebeu que a avaliação de pré-participação para os atletas de e-sports deveria ser adaptada e , por isso , ajudou a construir um novo formulário dando um enfoque muito importante à saúde da visão . Também a saúde mental voltou a ser frisada , assim como a patologia musculosquelética : quase metade ( 42 %) dos jogadores queixa-se de dor cervical ou dor lombar , muitas vezes por razões ergonómicas . Os problemas do punho e a síndrome do túnel cárpico foram também reforçados salientados . A última palestra foi ministrada pela Caitlin McGee , fisioterapeuta e coautora do livro The Handbook of E-sports Medicine ( juntamente com a Dr . Melita Moore ). Numa palestra bastante objetiva , tentou responder à questão se os atletas de e-sports são ou não verdadeiros atletas . Num desporto estático onde os atletas fazem pequenos movimentos repetidamente , a precisão é essencial e para isso o atleta necessita de uma boa capacidade física . Além disso , para uma ótima performance é obrigatório um controlo nutricional , controlo da qualidade do sono , do mindset e , acima de tudo , um excelente planeamento . Numa das suas publicações mais recentes procuraram identificar os principais problemas físicos mais frequentes : as tendinopatias foram o problema mais comum , em segundo lugar ficaram os desequilíbrios musculares e , por fim , as cefaleias cervicogénicas . Apesar de normalmente serem atletas jovens e estes terem uma menor tendência a lesões , se estas condições não forem acauteladas , podem impactar o momento do atleta e da sua reforma . Estas são informações que ainda carecem de mais dados , pois não há muita evidência publicada neste tipo de populações .
Esta sessão permitiu-nos rever a melhor evidência existente neste novo mundo de desporto virtual de alta performance . Foi importante a partilha sobre as melhores práticas realizadas em diferentes pontos do globo e em diferentes desportos , mas ficou certo de que , tal como no desporto tradicional , só uma equipa multidisciplinar , focada e com um tratamento individualizado centrado no atleta é realmente capaz de fazer a diferença .
A Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva ( SPMD ) foi constituída por escritura pública a 15 de Outubro de 1994 e é membro da Federação Internacional de Medicina Desportiva e da Federação Europeia de Associações de Medicina Desportiva . Tem como objeto a divulgação , investigação e formação na área da Medicina Desportiva . Possui 5 grupos de estudo ( GE ) com grande dinamismo e os sócios que tenham interesse em colaborar em algum GE , devem enviar email para spmdesp @ gmail . com . Organiza anualmente o Curso de Pós-graduação em Medicina Desportiva , assim como o Congresso Nacional e Jornadas em Medicina Desportiva e tem um minicurso em ECG realizado totalmente em E-learning , Ser SÓCIO é pertencer a uma Sociedade dinâmica , formativa e de proximidade . Faça- -se sócio , veja este link : https :// www . spmd . pt / pt / conteudo / spmd / socio / socio . html
Revista de Medicina Desportiva informa janeiro 2022 · 35