Revista de Medicina Desportiva Janeiro 2021 | Page 33

óssea , proliferação osteofitária , substituição gorda da medular dos ossos púbicos , quistos ósseos e leve edema ósseo são comumente vistos em atletas assintomáticos e , portanto , de uso diagnóstico limitado . 6 , 8
Em relação ao canal inguinal , os estudos de imagem disponíveis não demonstraram achados imagiológicos sensíveis ou específicos que indiciem patologia primária ou a sua gravidade na dor púbica relacionada com o canal inguinal . O canal inguinal e os seus músculos circundantes e aponevroses são bem avaliados na RM , mas raramente são anormais na dor púbica de longa evolução do atleta . Normalmente , as paredes inguinais não mostram edema ou rotura , mesmo nos atletas com sinais clínicos positivos na região inguinal . Raramente , pode haver rotura aguda , mas sempre acompanhada de história clínica de lesão aguda , em vez de início insidioso . A assimetria dos músculos da parede abdominal não é específica , pois a atrofia muscular pode ocorrer após cirurgia ou lesão prévia e muitas vezes é assintomática . Outra desvantagem potencial da RM é a falta de avaliação dinâmica reprodutível durante o esforço . No entanto , a especificidade dos achados da ecografia com avaliação dinâmica também não é clara .
Um estudo recente avaliou os resultados de RM em jogadores de futebol com dor púbica relacionada com os músculos adutores e controlos assintomáticos , revelou que a dor púbica de longa evolução em jogadores de futebol estava apenas significativamente associada à presença de protrusão do disco central e graus mais graves de edema medular ósseo púbico . 9 Curiosamente , não demonstrou associação significativa à maioria dos achados de RM descritos nos planos adjacentes à sínfise púbica relacionados com a dor púbica . Além disso , os achados de RM foram significativamente mais frequentes nos jogadores de futebol comparativamente com não jogadores de futebol , independentemente da presença de sintomas . Este estudo aponta para que os achados imagiológicos positivos em RM podem traduzir alterações adaptativas inerentes à prática do futebol em si , em vez de traduzirem achados patológicos específicos da dor púbica crónica . Esta conclusão tem importantes implicações para a investigação diagnóstica destes atletas . Na figura 9 mostramos a persistência de achados imagiológicos na entese púbica dos músculos adutores e das alterações degenerativas da sínfise púbica ao longo de mais de 12 meses , em fases sintomáticas e assintomáticas .
Conclusão
A radiologia convencional e TC geralmente não adicionam informações diagnósticas significativas para atletas com dor púbica de longa evolução . As alterações degenerativas da sínfise púbica são comuns e inespecíficas .
O exame de ecografia deve ser realizado por um radiologista com experiência específica em estudo ecográfico inguino-púbico e permite a avaliação da unidade tendão- -músculo dos músculos abdominais e adutores e avaliação dinâmica das estruturas do canal inguinal .
A RM constitui a modalidade imagiológica de escolha na avaliação da síndrome pubálgica , embora estudos recentes apontem para que os achados imagiológicos positivos em RM possam traduzir alterações adaptativas inerentes à prática do futebol em si , em vez de traduzirem achados patológicos específicos da dor púbica crónica . Esta assunção tem importantes implicações para a investigação diagnóstica , apontando fatores funcionais e biomecânicos sobrepostos às lesões estruturais detetadas por RM na etiologia da dor púbica de longa evolução .
A avaliação imagiológica da síndrome pubálgica impõe correlação dos achados nas várias modalidades imagiológicas com a história clínica , exame físico e investigação biomecânica , para adequada valorização das alterações estruturais demonstráveis por imagem .
Bibliografia
1 . Robinson P , Bhat V , English B . Imaging in the assessment and management of athletic pubalgia . Seminars in Musculoskeletal Radiology . 2011 ; 15 ( 1 ): 14-26 .
2 . Bisciotti GN , Volpi P , Zini R , et al . Groin Pain Syndrome Italian Consensus Conference on terminology , clinical evaluation and imaging assessment in groin pain in athlete . BMJ open sport & Exercise Medicine . 2016 ; 2 ( 1 ): e000142 .
3 . Orchard JW , Read JW , Neophyton J , et al . Groin pain associated with ultrasound finding of inguinal canal posterior wall deficiency in Australian Rules footballers . Br J Sports Med . 1998 ; 32 ( 2 ): 134-9 .
4 . Steele P , Annear P , Grove JR . Surgery for posterior inguinal wall deficiency in athletes . J Sci Med Sport . 2004 ; 7 ( 4 ): 415-21 .
5 . Cunningham PM , Brennan D , O ’ Connell M , et al . Patterns of bone and soft-tissue injury at the symphysis pubis in soccer players : observations at MRI . AJR Am J Roentgenol . 2007 ; 188 ( 3 ): W291-6 .
6 . Robinson P , Barron DA , Parsons W , et al . Adductor-related groin pain in athletes : correlation of MR imaging with clinical findings . Skeletal Radiol . 2004 ; 33 ( 8 ): 451-7 .
7 . Brennan D , O ’ Connell MJ , Ryan M , et al . Secondary cleft sign as a marker of injury in athletes with groin pain : MR image appearance and interpretation . Radiology . 2005 ; 235 ( 1 ): 162-7 .
8 . Albers SL , Spritzer CE , Garrett WE , Jr ., et al . MR findings in athletes with pubalgia . Skeletal Radiol . 2001 ; 30 ( 5 ): 270-7 .
9 . Branci S , Thorborg K , Nielsen MB , et al . Radiological findings in symphyseal and adductor-related groin pain in athletes : a critical review of the literature . Br J Sports Med . 2013 ; 47 ( 10 ): 611-9 .
CLÍNICA DO DRAGÃO
+ de 200 pessoas + de 30 especialidades
Acordos com seguradoras e subsistemas de saúde , incluíndo ADSE e SNS .
Curso Avançado em

REABILITAÇÃO DESPORTIVA

Início a 22 de março
. Aulas teóricas - 44h - 100 % online . Aulas práticas facultativas em grupo - 28h . Aulas práticas facultativas individuais - 12h

5 ª edição

INSCRIÇÕES DISPONÍVEIS
www . academiaclinicadragao . com www . saudeatlantica . pt
Visite-nos em :
220 100 100
Revista de Medicina Desportiva informa janeiro 2021 · 31