Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2019 | Page 30

do grupo com CAC baixo revelaram estenoses mínimas a moderadas. Noutros estudos o valor predi- tivo de score de cálcio baixo é muito evidente, quer no doente sintomático, quer no individuo assintomático. A definição de um limiar de CAC abaixo do qual a doença obstrutiva poderia ser potencialmente excluída, o que serviria como um gatekeeper da angiografia coronária, poderá ser um conceito útil na prática clínica no doente sintomático. O Colégio Ame- ricano de Cardiologia, em conjunto com a American Heart Association, emi- tiram um documento de consenso de especialistas que afirma: “Para o paciente sintomático, um score de cálcio coronário zero pode ser um filtro eficaz antes realização de procedimentos diagnósticos invasivos ou internamento hospitalar. Os scores abaixo de 100 estão tipicamente associados a uma baixa probabili- dade (2%) de perfusão anormal no teste nuclear e de 3% de probabili- dade de obstrução significativa (50% estenose ou mais) no cateterismo cardíaco”. 2 Apesar disto, a ausência de calcificação coronária pode não excluir a estenose obstrutiva ou a necessidade de revascularização nos doentes com elevada prevalência pré-teste de doença coronária crítica, como por exemplo nos doentes com suspeita clínica suficientemente elevada de doença coronária para serem encaminhados para coronario- grafia. Ou seja, em contraste com as recomendações publicadas, a oclusão coronária pode ocorrer na ausência de qualquer calcificação detetável. 3 Este não é, no entanto, o con- texto clínico do estudo que nos propusemos comentar. Nos atletas a determinação do score de cálcio coronário constitui seguramente um dos melhores indicadores de risco de acidente coronário e também o melhor reclassificador de risco. A ausência de cálcio coronário em indi- víduos assintomáticos, sinaliza pelo menos 15 anos de garantia de risco mínimo de mortalidade anual por doença coronária. 4 Além disso, em indivíduos considerados de alto risco, numa classificação de risco clínico, o score cálcio zero confere melhor sobrevida do que o que se verifica em indivíduos com risco clínico baixo a intermediário, mas com qualquer valor de score coronário. Por outro 28 setembro 2019 www.revdesportiva.pt lado, a existência de calcificações coronárias identifica um conjunto de indivíduos em que é necessário proceder a uma investigação mais aprofundada e, principalmente, uma oportunidade de tratamento que previne a evolução e/ou promove a regressão da aterosclerose arterial. Bibliografia 1. Roberts WO, et al. Fifty Men, 3510 Mara- thons, Cardiac Risk Factors, and Coronary Artery Calcium Scores. Med Sci Sports Exerc. 2017 Dec;49(12):2369-2373. doi: 10.1249/ MSS.0000000000001373. 2. Greenland P, Bonow RO, Brundage BH, et al. ACCF/AHA 2007 clinical expert consensus document on coronary artery calcium scoring by computed tomography in global cardio- vascular risk assessment and in evaluation of patients with chest pain: a report of the American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/ AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography). J Am Coll Cardiol 2007; 49:378-402. 3. Gottlieb I, Miller JM, Arbab-Zadeh A, et al. The absence of coronary calcification does not exclude obstructive coronary artery disease or the need for revascularization in patients referred for conventional coronary angiogra- phy. J Am Coll Cardiol. 2010; 55(7):627-634. doi:10.1016/j.jacc.2009.07.072 4. Valenti V, Ó Hartaigh B, Heo R, et al. A 15-Year Warranty Period for Asymptomatic Individuals Without Coronary Artery Calcium: A Prospective Follow-Up of 9,715 Individuals. JACC Cardiovasc Imaging. 2015; 8(8):900- 909. doi:10.1016/j.jcmg.2015.01.025 15.º CONGRESSO NACIONAL Portimão 18 e 19 de outubro de 2019 • Keynote Speakers • Sessões Temáticas • Sessão Especial • 20 + Oradores • Mini-Cursos & Workshops • Comunicações Orais & Casos Clínicos inseridos nas sessões temáticas • Pósteres Breve história da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva (SPMD) A SPMD tem já uma longa história, pois foi criada há 58 anos, em 1961, como secção da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa (SCML). Também outras sociedades, agora autónomas, foram criadas como secções da SCML, como sejam a de gastrenterologia, nefrologia, aneste- siologia e outras. Em 15/10/1994, em Lisboa, foi finalmente constituída por escritura publica, havendo nessa altura 17 médicos fundado- res. A sede estava localizada na sede da Ordem dos Médicos, na Avenida Almirante Gago Coutinho, nº 151, em Lisboa. Depois de passar por uma sede própria, mas provisó- ria, no ano de 2016, sob a presidên- cia do atual Presidente, o Prof. Doutor João Paulo de Almeida, passou a ter instalações próprias após a compra da sede administra- tiva localizada na Avenida Estados Unidos da América, nº 137, cave esquerda, em Lisboa. Este tem sido um local de encontro, de ensino e de discussão de vários temas apresentados em vários encontros científicos. Ao longo destes anos de vida a sua atividade tem sido intensa, como o provam as 17 edições das Jornadas, os 16 Cursos de pós-graduação e os 14 Congres- sos Nacionais já realizados. A publicação de uma newsletter, com muito carinho do Dr. Fonseca Esteves, onde publica casos clínicos, temas de revisão ou de opinião, tem constituído um elo de ligação com os seus associados. Entretanto, por mérito próprio, é membro da Federação Internacional de Medicina Desportiva (FIMS) e da Federação Europeia de Associa- ções de Medicina Desportiva (EFSMA). A parceria agora estabele- cida com esta Revista vem-lhe dar mais visibilidade, mas a SPMD será também uma parceira enriquece- dora da dinâmica da Revista.