Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2019 | Page 25
lidocaína a 1% (2ml) foram injetados
nas lesões. Apesar da pouca evi-
dência disponível em relação a este
tratamento, os autores tiveram um
bom resultado clínico e funcional.
No futuro, é importante realizar
estudos em populações maiores
e tentar verificar a eficácia desta
terapêutica
Os autores negam qualquer conflito de
interesses
Correspondência
André Borges
[email protected]
Bibliografia
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Restante Bibliografia em:
www.revdesportiva.pt (A Revista Online)
O Leite Achocolatado
Dr. Basil Ribeiro – V N Gaia
Especialista em Medicina Desportiva
A notícia publicada num jornal
diário que relatava a proibição de
publicidade ao leite achocolatado
motivou a escrita desta opinião.
As letras “garrafais” na 1ª página
de um jornal respeitável fizeram-
-me pensar que estávamos perante
um vilão: o leite achocolatado. Não
está em causa o jornal, pois este
apenas veiculou uma notícia, mas
também somente o seu conteúdo.
Está em causa a obesidade juvenil
e é necessário preveni-la e tratá-
-la. Estamos de acordo. Mas é o
leite achocolatado o responsável
pela o número cada vez maior de
crianças obesas? Vejamos a sua
composição por 100 ml (um pacote
são 200ml) para posterior compa-
ração: calorias - 72; gorduras 1.2gr;
açúcar – 11.5gr; proteína – 3.5gr.
Não sendo especialista em nutri-
ção, mas apenas especialista em
Medicina Desportiva, com muitos
anos de experiência em desportos
de alta competição, também no
desporto juvenil, vejo o leite acho-
colatado como uma boa bebida
de recuperação após um treino ou
jogo: tem água, tem energia e tem
proteína, os quais são constituintes
fundamentais para a recuperação
muscular após o esforço. Entre-
tanto, o chocolate dá-lhe o sabor
que apenas favorece a ingestão. O
sabor agradável assim o motiva.
Que alternativas existe parta a
ingestão voluntária e recuperadora
após o esforço físico? A água, sem
dúvida, que é das melhores bebidas
que existe a par do leite. Qual a
composição deste? Vejamos o caso
do leite meio-gordo: calorias - 46;
gorduras 1.6gr; açúcar - 4.6gr; pro-
teína - 3.2gr. A aritmética informa
que existe apenas uma diferença
de 52 calorias que uma embalagem
de 200ml de leite achocolatado tem
a mais que a mesma quantidade de
leite meio-gordo. Será esta dife-
rença causa da obesidade juvenil?
E se pensarmos que esta diferença
energética é necessária para com-
pensar o gasto que aconteceu no
treino acabado de realizar no clube
ou na aula de educação física da
escola? A
água sim-
ples é um
excelente
hidrante
e repõe
a água
perdida
pelo suor
durante
o exercício acabado de realizar,
mas não dá energia recupera-
dora. Haverá alternativas? Serão
os refrigerantes uma boa opção?
Socorro-me da wikipedia para os
definir: “Refrigerante é uma bebida
não alcoólica e não fermentada,
fabricada industrialmente, à base
de água mineral e açúcar, podendo
conter edulcorante, extratos ou
aroma sintetizado de frutas ou
outros vegetais e gás carbônico”.
Vejamos a composição de alguns
produtos do mercado por 100ml de
bebida: calorias: 32-40; gorduras
- 0,00gr; açúcar - 7,80 - 11.2gr; pro-
teína - 0,00gr. Têm, de facto, menos
calorias, mas não têm proteína,
fundamental para a recuperação
muscular. Não servem, nem para
alimentar, nem para a recuperação
do esforço físico. Já agora, o açúcar
acrescentado ao leite achocolatado
(a diferença entre o valor indicado
na embalagem e o teor de açúcar
natural, o do leite, adequado para
a alimentação) é na generalidade
dos casos inferior ao açúcar destes
refrigerantes…
O problema é sempre a ingestão
desenquadrada, fora de contexto
e em quantidade excessiva. Mas
este aspeto não é exclusivo do leite
achocolatado: é comum a qualquer
ingestão exagerada e extemporâ-
nea de qualquer alimento. O leite
achocolatado, assim como qual-
quer alimento, só tem responsabi-
lidade na obesidade se consumido
em quantidade superior à necessá-
ria para a manutenção do metabo-
lismo basal, acrescido da energia
necessária para a realização das
atividades de vida diária e do valor
energético gasto no exercício físico.
Sejamos realistas e não andemos
atrás de bodes expiatórios, pois o
leite achocolatado não é o vilão
responsável pela obesidade infantil
e juvenil.
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