Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2019 | Page 21

cabeça (Figura 1, imagem A), defi- nido pela percentagem da largura da cabeça do fémur que não se encon- tra coberta (normal <25%). 1,2 O ângulo de cobertura anterior (center-edge anterior), medido na incidência de Lequèsne (Figura 5), é o ângulo formado por uma linha vertical e uma linha que une o cen- tro da cabeça ao rebordo anterior do acetábulo. Considera-se normal um ângulo 25-40°. 1-4 Esta avaliação deve ser realizada na incidência de face da bacia. 7 Profundidade do acetábulo Designa-se por coxa profunda a situa- ção em que o limite medial da fossa acetabular toca a linha ilioisquiática e como acetábulo protusio quando o contorno medial da cabeça do fémur ultrapassa a linha ilioisquiática. 2,3,7 Inclinação acetabular É avaliada pelo ângulo do teto acetabular de Tönnis (Figura 5). Traça-se uma linha paralela à que une as lágrimas acetabulares e uma segunda linha entre o ponto mais inferior e o ponto mais lateral da porção esclerosada do teto aceta- bular. Os ângulos superiores a 10° indicam uma cobertura deficitária da cabeça do fémur, com risco de instabilidade, e os ângulos inferiores a 10° correspondem a sobrecober- tura da cabeça, com risco de conflito do tipo pincer. 1,2 B A Figura 6 – Radiografias de paciente com morfologia tipo pincer da anca direita. Na incidência de face (imagem A) observa-se uma cobertura praticamente completa da cabeça do fémur e aumento do ângulo de Wiberg, assinalado a branco (46°). Na inci- dência de Lequèsne (imagem B) está assinalado o ângulo center-edge anterior (38°) A B Figura 7 – Radiografias de paciente com morfologia tipo cam bilateral. Na incidên- cia de face (imagem A) pode observar-se a deformidade em pistol grip à esquerda. Na incidência de Dunn (imagem B) encontra-se deformidade na parte anterior da junção cabeça-colo. Verifica-se diminuição do offset cabeça-colo e aumento do ângulo alfa, assinalado a verde (72°) Quadro 1: Resumo dos principais parâmetros a avaliar na radiografia da anca Parâmetro Incidência Valores normais Interpretação Ângulo cervicodiafisário Face 125 – 140° Ângulo center edge lateral Face 25 – 40° Índice de extrusão da cabeça do fémur Face < 25% Indica subcobertura quando aumentado Ângulo center edge anterior Falso perfil 25° – 40° <25°: subcobertura anterior >40°: Sobrecobertura anterior Ângulo do teto acetabular Face 10° Offset cabeça colo do fémur Perfil ≥ 0,15 Ângulo alfa Dunn < 50 – 55° <125°: coxa vara >140°: Coxa valga <25°: subcobertura acetabular >40°: Sobrecobertura acetabular <10°: sobrecobertura <10°: Subcobertura <0,15: geralmente indica deformidade tipo cam Quando aumentado sugere deformidade tipo cam Versão acetabular Num acetábulo antevertido não há intersecção entre a linha da parede anterior do acetábulo e a linha da parede posterior. Quando estas linhas se cruzam (crossover sign) trata-se de um acetábulo retrover- tido ou com excessiva cobertura anterior. Nestes casos, também se pode observar uma proeminência da espinha isquiática para a cavi- dade pélvica e o centro da cabeça femoral lateral à linha da parede posterior do acetábulo. 1,3 A avalia- ção da versão acetabular deve ser feita na radiografia de face da bacia sem carga, corretamente executada, podendo ser influenciada pela rota- ção da bacia. 7 No acetábulo normal, o rebordo da parede posterior passa aproxi- madamente através do centro da cabeça do fémur. Quando o rebordo da parede posterior é mais lateral, estamos na presença de uma parede posterior proeminente, associada a conflito posterior. Quando é mais medial, corresponde a uma parede posterior deficitária. 7 Linha iliofemoral É uma linha traçada entre o contorno da cortical interna do ilíaco e o ápice da concavidade lateral do colo do fémur. Em ancas com sobrecober- tura acetabular, esta linha é tangen- cial ao limite lateral da cabeça do fémur, ou até completamente lateral à cabeça. Em ancas com cobertura acetabular deficitária, a linha iliofemoral encontra-se mais medializada. 8 Revista de Medicina Desportiva informa setembro 2019 · 19