Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2019 - Page 19
pélvico e parte da coluna anterior
do acetábulo;
• a linha ilioisquiática, que forma
parte da coluna posterior do ace-
tábulo;
• o pavimento acetabular e
• a teardrop acetabular, que repre-
senta a sobreposição uniplanar
das várias inclinações da parede
medial do acetábulo. 1
Rev. Medicina Desportiva informa, 2019; 10(5):17-20. https://doi.org/10.23911/Rx_anca_2019_9
A Radiografia Simples no
Estudo da Anca Dolorosa
– Ênfase na Avaliação do
Conflito Femoroacetabular
Dr. Renato Vale Ramos 1 , Dr. Henrique Costa Sousa 1 , Dr. David Sá 2
1
Interno de formação específica e 2 Assistente hospitalar de ortopedia. Serviço de Ortopedia – Unidade da
anca. Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.
RESUMO / ABSTRACT
A radiografia simples constitui um método essencial para o estudo da anca dolorosa,
sendo um exame informativo, facilmente acessível e de baixo custo. O objetivo desta revi-
são é descrever as principais incidências radiográficas utilizadas para o estudo da articu-
lação da anca e a respetiva anatomia radiográfica, bem como alguns parâmetros radiográ-
ficos que auxiliam na correlação das imagens com possíveis causas de anca dolorosa. Será
dada especial atenção às alterações radiográficas associadas ao conflito femoro acetabular,
uma causa relativamente comum de anca dolorosa no desportista.
Plain radiography is an essential tool for the evaluation of the painful hip. It is an inexpensive and
readily accessible technique, from which a great amount of information can be obtained. The pur-
pose of this review is to describe the most important views for the study of the hip, the radiographic
anatomy of this joint, and some measurements that may assist in correlating radiographic findings
with possible causes of hip pain. We will focus on radiographic findings associated with femoroac-
etabular impingement, a relatively common cause of hip pain among sports participants.
PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDS
Radiografia simples, anca, conflito femoroacetabular
Plain radiography, hip, femoroacetabular impingement
Introdução
A radiografia simples continua a
assumir-se como um exame impor-
tante no estudo da anca dolorosa,
sendo um exame extremamente
informativo, barato e de fácil acesso.
Serão descritas as incidências
radiográficas utilizadas para o
estudo da anca e os sinais e parâ-
metros radiológicos que auxiliam
a interpretação das imagens, com
atenção especial na avaliação do
conflito femoro acetabular.
Incidências radiográficas
Face
A incidência de face da bacia deve
incluir a sua totalidade, assim como
as ancas. Pode ser realizada em
decúbito, o que facilita a obtenção
de uma radiografia bem centrada,
ou em carga, permitindo avaliar
melhor a versão acetabular e a incli-
nação pélvica. 1 As rótulas devem
estar dirigidas para a frente ou com
15-20° de rotação interna para evitar
distorção das imagens pela rotação
externa da anca. A imagem deve ser
centrada a meio entre as espinhas
ilíacas ântero-superiores e a sínfise
púbica. 2,3
Nesta incidência, o cóccix e a
sínfise púbica devem estar na
mesma linha vertical e a distância
entre a extremidade do cóccix e o
bordo superior da sínfise púbica
deve ser cerca de 3cm no homem e
4cm na mulher. 1 As estruturas
anatómicas devem parecer simétri-
cas. O grande trocânter não deve
estar sobreposto com o colo do
fémur, nem deve haver sobreposição
entre a parte anterior e posterior da
junção cabeça-colo. 1,2 A sombra dos
músculos glúteos, iliopsoas e obtura-
dor devem ser visíveis. 1
Nesta incidência é possível reco-
nhecer:
• a linha iliopúbica, que corres-
ponde ao limite interno do anel
Perfil
A incidência frog-leg é realizada em
decúbito dorsal, com os joelhos a
30-40° de flexão e a anca em 45° de
abdução e rotação externa. Permite
avaliar a morfologia da cabeça
femoral, mas o grande trocânter é
mal visualizado devido à sobreposi-
ção com o colo do fémur. 2,3
A incidência de Löwenstein
obtém-se em decúbito, com 45° de
inclinação para o lado a radiografar,
com a anca fletida a 90° e com 45°
de rotação interna. 2
A incidência de Dunn é realizada
em decúbito dorsal, com as ancas
a 20° de abdução e a 45 ou 90° de
flexão. Esta incidência permite uma
melhor avaliação do ângulo alfa. 3
No perfil cross-table o membro
contralateral é elevado e o membro
a radiografar é colocado a 15-20° de
rotação interna. A película forma
um ângulo de 35-45° com o eixo
longitudinal do fémur. 2
Estas incidências permitem uma
melhor avaliação do fémur proxi-
mal. 2
O falso perfil (Lequèsne) é reali-
zado em carga, com a bacia incli-
nada 65° em relação à película e
com o pé do lado a radiografar
paralelo à película. 2 Permite melhor
avaliação do limite anterior do
acetábulo (Figura 3). 2
Parâmetros radiográficos
Altura do membro
Existem duas formas de avaliar a
presença de dismetria na radiografia
ântero-posterior da bacia em carga.
A primeira consiste na medição
da diferença entre o ponto mais
alto das cristas ilíacas. A segunda
consiste na medição da distância
entre o ponto mais proeminente do
pequeno trocânter e uma linha que
une as tuberosidades isquiáticas ou
a lágrima acetabular. 2
Revista de Medicina Desportiva informa setembro 2019 · 17