Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2019 | Page 17
COXA
Juji-gatame
Figura 3 – Movimento típico de chave de
braço em combate no solo.
uchi-mata (Figura 2). 35 Nesta técnica
os atacantes realizam uma rotação
com o tronco usando o membro
inferior para provocar a projeção na
região medial da coxa no adversário.
O atleta que projeta pode atingir o
tapete com a cabeça e pescoço em
flexão, podendo provocar fraturas-
-luxações da coluna cervical, com
ou sem compromisso neurológico. 35
As técnicas de estrangulamento
induzem habitualmente ligeiras
perturbações eletroencefalográficas
subclínicas podendo, no entanto, ori-
ginar lesões cerebrais irreversíveis ou
morte, devido à interrupção do fluxo
sanguíneo ao encéfalo. 36
Green et al. 9 descreveam um
aumento significativo da propen-
são para lesão pela incapacidade
do organismo recuperar atempa-
damente da desidratação antes do
início da competição. Perante os
efeitos nocivos descritos associados
a esta prática, os atletas, especial-
mente crianças e adolescentes,
devem evitar o seu recurso, sendo
aconselhado um programa de gestão
do peso corporal dos atletas ao longo
da época. 16,44 Horswill et al 45 propu-
seram a gestão de um défice energé-
tico diário entre 500-1000 kcal, uma
dieta ligeira a longo termo e exercí-
cio aeróbio controlado para perdas
de peso adequadas sem condicionar
a saúde dos atletas. 45 Os fatores
psicológicos desempenham também
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PERNEIRA
Discussão
Factores predisponentes de Lesão
A prática comum de restrição
hídrica associada a rápidas perdas
excessivas de peso corporal, pre-
viamente às competições, com o
objetivo de combater contra adver-
sários com o menor peso possível,
é consensualmente descrita na
literatura como um fator de risco
para ocorrência de lesão. 18,20,37,38 Pelo
menos 90% dos atletas de judo já
perderam peso de forma abrupta
antes de uma competição, sendo que
60% dos atletas começaram a perder
peso precocemente (12-15 anos). 37,38
Esta prática representa um
impacto negativo no índice de
massa corporal, na capacidade de
produção de força e no desempe-
nho do atleta. 39,40 Petterson et al. 41 ,
num estudo baseado na avaliação
dos níveis de hidratação de atle-
tas das modalidades de boxe, judo,
taekwondo e luta greco-romana, no
dia da competição, revelaram níveis
de desidratação em 89% dos atletas.
A desidratação é responsável por
défice na termorregulação, função
cardiovascular e metabolismo. 42,43
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