Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2019 | Page 11
Rev. Medicina Desportiva informa, 2019; 10(5):9.
https://doi.org/10.23911/CQuiz3_2019_9
Prof. Doutor Hélder
Dores
Cardiologia Desportiva
– Hospital das Forças
Armadas, Hospital
da Luz Lisboa, Sport
Lisboa e Benfica, NOVA
Medical School
• Homem, 41 anos, caucasiano.
• Atleta veterano de nível competitivo – trail running, 12-14h de treino semanal.
• Assintomático e sem antecedentes familiares relevantes.
• ECG e prova de esforço sem alterações; colesterol LDL 136mg/dl.
• Angio TC cardíaca com carga aterosclerótica acima do esperado – score de cálcio: percentil 75; placas não
obstrutivas nas artérias descendente anterior (DA) e coronária direita (CAD).
QUESTÕES:
1. Com uma prova de esforço
normal, acha relevantes os
resultados da Angio-TC?
2. O que recomenda quanto à
prática de desporto? Contraindica?
3. Sugere alguma terapêutica
farmacológica?
Consulte as respostas para estas questões na próxima edição da Revista
Respostas ao Cardio Quiz 2 (edição de julho de 2019)
1. Que diagnóstico diferencial é
essencial realizar?
É essencial diferenciar o coração
de atleta (hipertrofia ventricular
esquerda fisiológica) da miocardio-
patia hipertrófica (MCH).
2. Após este resultado
contraindicava definitivamente
desporto competitivo?
As alterações documentadas no
ecocardiograma enquadram-se na
chamada zona cinzenta (espessura
parietal 14-16mm). Como o atleta
está assintomático e não apresenta
outros dados relevantes, nomea-
damente na história pessoal ou
familiar, não se recomenda neste
momento contraindicar a prática de
desporto competitivo.
3. Pedia exames complementares
de diagnóstico adicionais? Quais?
Nos casos de hipertrofia ventricular
esquerda duvidosa entre altera-
ção fisiológica e MCH é essencial
integrar dados de vários exames
complementares. O ECG é essencial
porque mais de 90% dos doentes
com MCH apresentam altera-
ções patológicas da repolarização
ventricular (mais precoces que o
fenótipo estrutural), bem como a
ressonância magnética cardíaca, o
gold standard para a caracterização
morfofuncional, com deteção de
formas atípicas de MCH (ex. apical),
de difícil avaliação por ecocardio-
grafia, bem como identificação
de realce tardio que poderá ser
sugestivo de miocardiopatia. Outros
exames úteis nestes casos são a
prova de esforço (exclusão de disrit-
mias e queda tensional no esforço)
e o Holter de 24h para exclusão de
disritmias significativas.
Revista de Medicina Desportiva informa setembro 2019 · 9